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CULTURA

Espaço Cultural vai fechar para passar por reforma

Orçamento inicial da obra é de R$ 4 milhões. É a maior manutenção feita no complexo desde 1982.  

Publicado em 28/12/2011 às 6:30


Dizem que os 29 anos marcam o 'retorno de Saturno': é quando uma espécie de ciclo se cumpre conduzindo a um período de renovação, amadurecimento e mudanças.

Vinte e nove anos após sua fundação, no dia 13 de abril de 1982, o Espaço Cultural José Lins do Rêgo passava por uma pequena crise.

Enfrentando uma série de problemas estruturais, a Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) vinha sendo criticada por artistas e grupos que se apresentavam em dois dos seus principais teatros: o Paulo Pontes e o cine-teatro Bangüê.

O sucateamento do espaço de 53.580 metros quadrados, localizado no bairro de Tambauzinho, em João Pessoa, parecia iminente.

“Fizemos uma dedetização e foi impressionante a quantidade de ratos e baratas que matamos”, contou Lu Maia, que preside a Funesc desde o início do ano.

O projeto que elevaria a autoestima da Funesc, aguardado pelo público e levado adiante pela fundação, era a realização da 14ª edição do Festival Nacional de Arte (Fenart) em 2012, ano em que se comemoram os 30 anos do Espaço Cultural e o centenário do Eu, obra-prima do paraibano Augusto dos Anjos.

A ideia, segundo Lu Maia, foi apresentada à Secretaria de Cultura (Secult) em três reuniões. O secretário Chico César, porém, vetou o projeto e anunciou esta semana o fechamento do Espaço Cultural no próximo ano, quando será empreendida uma grande reforma na estrutura do Espaço Cultural.

“Tudo foi decidido nestas três reuniões”, afirma Lu Maia. “Tanto Chico César quanto o governador (Ricardo Coutinho) acham que o Espaço Cultural representa algo mais que o Fenart. Que não adianta realizar o festival e o Espaço Cultural continuar da maneira que está: um monumento sem manutenção, sem um olhar atento aos seus teatros, seu arquivo e sua biblioteca”.

De acordo com a presidente da Funesc, chegou-se a cogitar que o Fenart fosse promovido no interior do Estado, mas a ideia também foi rejeitada pois "descaracterizaria a proposta inicial do Fenart, que sempre foi realizado no âmbito do Espaço Cultural", assinalou Lu Maia.

"Quanto ao centenário do Eu, tenho certeza que a Secult, junto às secretarias municipais, irá preparar uma programação à altura, contando com o apoio da Funesc, que está aberta para ceder as orquestras sinfônicas e o seu coral", garantiu.

PORTAS FECHADAS
Prevista para começar um mês depois de o Espaço Cultural completar 30 anos de fundação, a reforma do complexo fará com que suas portas sejam fechadas ao público a partir de maio até uma data ainda indefinida, prevista para o final de 2012.

“Só estamos pautando eventos até maio, quando a reforma será conduzida pela Funesc e pelo governo do Estado, através da Suplan (Superintendência de Obras do Plano de Desenvolvimento do Estado). A reforma completa foi orçada previamente em R$ 15 milhões, mas a intenção é que ela seja feita paulatinamente”, antecipa Lu Maia.

Orlando Soares, superintendente da Suplan, confirmou à reportagem que um recurso previsto em R$ 4 milhões será investido nos primeiros meses para a reestruturação completa do teto do Espaço Cultural.

“Só poderemos raciocinar a partir de valores concretos, após uma inspeção cuidadosa das instalações hidráulicas e elétricas do Espaço Cultural, mas estamos trabalhando a quatro mãos com a área técnica da Funesc para que as primeiras intervenções sejam efetivadas o mais rápido possível”, diz Soares.

POLTRONAS NOVAS
A reforma deverá contemplar, além do teto, as grades, o piso e o estacionamento do Espaço Cultural. As poltronas, carpetes e madeiramento do teatro Paulo Pontes e do cine-teatro Bangüê também serão mudados, aumentando a capacidade de cada um dos teatros em mais de 100 lugares.

“Pretendemos instalar poltronas como as da Estação Ciência (Cultura e Artes Cabo Branco, em João Pessoa). Elas são menores e mais confortáveis”, assinala a presidente da Funesc.

“Também prevemos mudanças profundas nos boxes do Espaço Cultural, que somente irão comportar lojas de artigos culturais”.

Segundo Maia, a transferência de alguns dos boxes já existentes ainda está sendo estudada pela Funesc e pela Secretaria de Turismo e do Desenvolvimento Econômico da Paraíba.

“A procura por uma sede temporária para as escolas de música e de dança, além de um local para os ensaios das orquestras sinfônicas e do coral, também está sendo estudada junto à Secult, mas tudo indica que eles serão transferidos para o teatro Santa Roza”, prevê Lu Maia.

Por telefone, a reportagem tentou entrar em contato com a Secult e com a Secretaria de Turismo e do Desenvolvimento Econômico da Paraíba, mas foi informada que as secretarias estavam em recesso em razão do fim de ano.

A reportagem também tentou entrar em contato com Chico César por telefone, mas nenhum de seus assessores foi localizado.

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Jornal da Paraíba

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