Projetos pessoais para as eleições de 2010 levam partidos a reboque

Por Aline Lins
Do Jornal da Paraíba

As migrações partidárias e as alianças políticas continuam sendo traçadas em torno de projetos pessoais e de nomes, na Paraíba. Essa é a opinião, por exemplo, do cientista político Ítalo Fittipaldi, que criticou o fato das mudanças de partido ocorridas até outubro passado gravitarem em torno das candidaturas a governador do Estado, com vistas às eleições deste ano, não interessando a esses políticos para qual legenda estão se dirigindo, e sim viabilizar a formação de palanque nas eleições.

A conjuntura política na Paraíba modificou-se muito das eleições estaduais de 2006 aos dias atuais, e tende a mudar ainda mais até o pleito de outubro deste ano. Nos dois períodos, verificam-se tentativas de reeleição: do ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB), em 2006, apoiado pelo PP, PTB, PL, PFL (hoje DEM), PTC, PSDB e PT do B, e o atual governador José Maranhão (PMDB), com pretensões de se reeleger no pleito que se aproxima.

Por isso ambos os pleitos se caracterizam pelo intenso movimento de forças oposicionistas. Em 2006, partidos como PMDB, PT, PSB PRB e PC do B aliaram-se no campo das oposições na tentativa de derrotar o grupo no poder. E ao que tudo indica, a tendêcia é que as forças atualmente na oposição repitam a estratégia para este ano, em uma grande frente oposicionista, que já tem início com a decisão do DEM de se aliar ao PSB, em torno do nome de Ricardo Coutinho para Governo do Estado.

“Chama a atenção a polarização da política local em torno não de projetos para o Estado, mas de pessoas, de nomes, esvaziando-se totalmente o conteúdo do debate político na Paraíba. O que se discute é quem é que vai ser o governador, quem seria o vencedor e o perdedor”, criticou, ressaltando que, hoje, os partidos se aliam sem considerar suas doutrinas. “O PSB, hoje, tende a se associar ao PSDB e o DEM, que são partidos do ponto de vista doutrinário completamente opostos. Os socialistas, em tese, defendem um conjunto de políticas sociais mais incisivas, enquanto os demistas não têm essa tradição e os peemedebistas constituem uma grande frente de caciques políticos regionais”, analisou Ítalo.

Para o históriador José Octávio de Arruda Mello, entretanto, a ideologia é importante no momento da constituição do partido. “Depois, o que passa a reger o partido é a ação dele, a dinâmivca partidára, a atuação dele para capturar o eleitorado, e é aí onde entram as alianças”, defendeu.

Em 2006, havia um quadro em que as na época oposições - ao governo de Cássio Cunha Lima - estavam unidas em função do projeto de chegar ao Governo do Estado. “Talvez, naquele momento, o prefeito Ricardo Coutinho não se sentisse com densidade eleitoral para tentar sair candidato, pois ele tinha saído de uma eleição em 2004, tinha apenas dois anos de governo”, analisou o especialista político Ítalo Fittipaldi.

Na avaliação dele, como houve uma recomposição de poder na Paraíba, mediante decisão do Tribunal Regional Eleitoral e confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral, o ex-governador Cássio precisaria de um nome para o embate com Maranhão, e este seria o nome do prefeito Ricardo Coutinho. “Naturalmente, como aquele grupo que estava unido (de Cássio) já não está tão unido assim - na verdade está rachado -, isso vai se refletir nessas mudanças partidárias e de apoio”, avaliou Ítalo.