ECONOMIA
Paraíba tem índice superior ao do NE
Estado foi o único da região a registrar elevação de trabalahadores com mais de dois empregos.
Publicado em 05/05/2013 às 10:00 | Atualizado em 13/04/2023 às 15:03
O IBGE mostrou que a Paraíba foi o único Estado que teve elevação no Nordeste em números absolutos de pessoas que têm mais de um emprego, seja formal ou não. O percentual proporcional de trabalhadores nessa situação passou de 4,51%, em 2009, para 6,21%, em 2011. A taxa de paraibanos neste perfil já é a segunda mais alta da Região, acima do Nordeste (4,89%) e também do Brasil (3,9%).
Grande parcela desta população trabalha para garantir um futuro melhor. “Na minha profissão, a gente tem de se desdobrar para ter uma condição de vida melhor. Isso ocorre em todo o país.
Temos que correr atrás para comprar o pão de cada dia e garantir um futuro para nossa família. Passei muitos anos almoçando e jantando fora de casa, mal via meus filhos e esposa”, contou Antônio Fernando Ferreira Vasconcelos, 59 anos, que passou mais de 20 anos trabalhando como professor de Educação Física em mais de uma escola. No currículo, ainda exercia a função de técnico de futebol, preenchendo também os finais de semana.
Atualmente, Antônio Fernandes, mais conhecido como “Mineiro”, é funcionário público em duas instituições em João Pessoa.
Apesar de trabalhar dois expedientes em locais distintos, Mineiro conta que a vida é mais tranquila e, agora, está colhendo os frutos que plantou. “Tenho quatro filhos e todos estão adultos.
Dois são formados em direito, uma filha é professora de educação física e a outra faz engenharia civil e ainda quer fazer um curso de estética. Nesta minha luta, a ajuda da minha mulher foi fundamental. Hoje já consigo almoçar com minha família”, declarou.
Mineiro se adaptou às ocupações diárias e pretende, num ritmo mais controlado, estender sua vida profissional por mais alguns anos. “Trabalhei muito e, como todo professor, ainda levava tarefa para casa. Mas sempre fiz o que gostava. Hoje não penso em me aposentar, não quero ficar ocioso”, confessou.
Já a diarista Rita Maria de Jesus Silva, 59 anos, já está contando os dias para mudar sua rotina cansativa de trabalho. A aposentadoria está prevista para janeiro de 2014. Mas, enquanto isso não ocorre, Rita Maria faz diárias às quartas, quintas e sextas-feiras, em duas residências. As segundas-feiras ficam reservadas para as lavagens de roupas particulares. A renda mensal se aproxima dos R$ 900.
Mas, apesar da correria, a vida de Rita Maria já foi pior. “Me separei cedo do meu marido e minha filha ficou com apenas dois anos de idade. Fazia faxina todos os dias da semana e metade do que eu ganhava era dividido com uma vizinha que tomava conta da minha filha. Achei melhor trabalhar do que ficar pedindo dinheiro ao pai dela”, confessou.
Nesta época como diarista, saía das faxinas por volta das 16h da tarde e ainda passava roupa em um restaurante até as 20 horas, na orla pessoense. Hoje, ela disse que, apesar de trabalhar muito, começa a organizar as residências de suas “patroas” por volta das 7h30 e termina, aproximadamente, às 19 horas. Depois disso, não precisa mais exercer outra atividade para incrementar a renda.
Foi fazendo faxina e com a lavagem de roupa que Rita Maria criou dois filhos. “Às vezes não temos como fugir da cobrança dos filhos por conta da ausência do passado. Mas não tinha como evitar o trabalho. Hoje tenho minha casa própria e eles estão crescidos. Já contribui 23 anos para a previdência e vou me aposentar em janeiro de 2014”, comemora.
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