ECONOMIA
PB foi o Estado do Nordeste com maior número de imigrantes no RJ
Pesquisa do IBGE mostra que o número de paraibanos no Sudeste aumentou 8,24% na última década.
Publicado em 12/04/2015 às 8:23
Em busca ainda do “Eldorado”, a Paraíba foi o Estado do Nordeste que mais registrou imigrantes no Rio de Janeiro em 2013. Dos mais de 1,228 milhão de nordestinos que estavam em terras cariocas nesta época, 352 mil imigrantes (28,66%) eram paraibanos, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), consolidados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2013. (Veja o quadro completo o ranking de imigrantes).
A pesquisa mostra ainda que o número de paraibanos no Sudeste aumentou 8,24% na última década. Esta população saiu de 752 mil para 814 mil entre os anos de 2003 e 2013, respectivamente. São Paulo e Rio de Janeiro concentraram cerca de 90% destes viajantes presentes no Sudeste em 2013, detendo 6,723 milhões dos 7,493 milhões de nordestinos que se encontravam na região.
E basta uma visita à Cidade Maravilhosa para percebermos a cada atendimento em um restaurante, butique, hotel ou serviço de táxi para confirmarmos os dados do IBGE. Paraibanos, alagoanos, enfim, conterrâneos do Nordeste ainda vendem a sua mão de obra, longe da terra natal. Esses “retirantes” não têm apenas a naturalidade como ponto em comum, mas compartilham, sobretudo, o sonho de ter uma melhor oportunidade de emprego e renda.
Em nome desta ascensão financeira, deixam para trás familiares e amigos. E como as minorias em terras desconhecidas dão início a difícil batalha de conquistar um lugar ao sol. A paraibana Valdilene Nascimento, 43 anos, saiu de João Pessoa há 23 anos e hoje se diz “vitoriosa”. Depois de trabalhar em diversas funções como atendente de lanchonete e de loja no comércio carioca, foi promovida à gerente.
Há quatro anos, Valdilene Nascimento possui seu próprio estabelecimento comercial em um dos boxes do edifício Santa Clara 33, no bairro de Copacabana. O faturamento mensal da microempresária é cerca de R$ 6 mil. “Quando cheguei ao Rio fiquei na casa de uma tia, dois anos após conheci o meu primeiro marido, me separei e casei de novo e tenho um filho de 22 nos. Os nordestinos vêm para o Rio de Janeiro porque é mais fácil conseguir emprego. Em João Pessoa tem mais funcionário público, enquanto na cidade carioca sempre tem um jeitinho para se ganhar mais dinheiro”, confessou.
Já o mensageiro de hotel Severino José de Araújo, 57 anos, natural de Alagoa Nova, no brejo paraibano, não conseguiu evoluir tanto financeiramente, a ponto de ser empreendedor. No entanto, ao longo dos 39 anos que fixou residência no Rio de Janeiro, ele contou que sua condição de vida melhorou consideravelmente.
“Meus pais morreram quando eu tinha 5 anos de idade em Alagoa Nova e a partir daí fiquei morando de favor na casa de familiares, que também eram pobres. Então decidi buscar oportunidade em Brasília, onde fiquei um mês. Depois fui para o Rio de Janeiro, onde estou até hoje”, afirmou Severino de Araújo.
O mensageiro de hotel confessou que nas visitas à Alagoa Nova conheceu sua esposa e começaram um namoro à distância. Depois de um tempo, já estabelecido no Rio, o paraibano trouxe a namorada para viver com ele e um ano depois se casaram. “Passeio por muita dificuldade, enfrentei preconceito, trabalhei muito, mas hoje tenho minha esposa e duas filhas maravilhosas, além de três netos”.
O mensageiro recebe atualmente um salário mensal de R$ 2.500 e confessou que não pretende retornar à terra natal. “Na Paraíba a vida é dura, principalmente no interior. Você vem para cá buscando uma vida melhor. Hoje não tenho mais prazer de morar em Alagoa Nova”, decalrou.
Número cresceu
Com relação ao número de nordestinos no Sudeste, a Pnad mostrou que em 2003 existiam 7,109 milhões imigrantes e em 2013 passou para 7,493 milhões, uma alta de 5,40% em uma década.
Distribuição de nordestinos no Rio de Janeiro em 2013 | |
Nordeste | Número de pessoas |
PARAÍBA | 352 mil |
Ceará | 210 mil |
Pernambuco | 196 mil |
Bahia | 185 mil |
Maranhão | 92 mil |
Rio Grande do Norte | 71 mil |
Alagoas | 53 mil |
Sergipe | 37 mil |
Piauí | 32 mil |
Total | 1,228 milhão |
Fonte: Pnad/2013
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