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VAMOS TRABALHAR

Estudo detecta exaustão em 65% dos docentes da rede pública de JP

Maioria dos entrevistados apresentou sintomas.

Publicado em 21/11/2010 às 8:00

Karoline Zilah
Com informações da Fiocruz

A Síndrome de Burnout é uma doença do trabalho que já tem sido considerada caso de saúde pública na opinião dos especialistas. As pressões psicológicas no ambiente profissional, o desprestígio social e a falta de motivação tanto por parte do funcionário quando de seu empregador têm sido apontadas como as principais causas para esgotamento físico e mental. A frase de uma professora do Ensino Fundamental em João Pessoa resume o drama desta situação: "Hoje o trabalho do professor é muito estressante: meu sofrimento é o meu trabalho".

A frase foi dita durantes pesquisas da psicóloga Jaqueline Brito com professores da rede pública de ensino de João Pessoa. Em contato com 265 professores, ela percebeu que 65% apresentavam alto nível de exaustão emocional por causa do trabalho. "Trabalhar com gente adoece, e não é pouco. E não é estresse físico, é mental", revela.

Jaqueline desenvolveu um estudo sobre o assunto pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Pernambuco e concluiu que a realidade detectada em João Pessoa pode ser estendida a muitos outros professores do país, que são submetidos a condições de trabalho semelhantes.

O estudo verificou que 23,4% dos professores do nível Fundamental apresentaram alto nível de despersonalização, 55,5% alto nível de exaustão emocional e 85,7% alto nível de realização pessoal no trabalho. A psicóloga explica que este último percentual, embora pareça contraditório, é na verdade uma característica da Síndrome de Burnout. As pessoas não atribuem ao trabalho a razão da sua estafa física e emocional.

Profissionais não reconhecem que sofrem da doença

Foi exatamente este o quadro apresentado pela pedagoga Cleoneide Jerônimo, de 42 anos. Sempre esforçada para fazer o seu melhor junto aos alunos, ela não reconhecia que estava doente porque pensava que o sentimento de exaustão era uma fraqueza de sua parte.

Professora das redes públicas estadual e municipal em João Pessoa, ela sempre teve uma jornada tripla de trabalho: foram 20 anos de sala de aula, além de especialização e mestrado.

Apesar de administrar o tempo, aos 37 anos de idade ela começou a apresentar uma forte crise de labirintite. Procurou o médico e voltou para casa com receita de medicamentos para tratar o problema, mas não percebeu que sua situação estava além dos sintomas físicos.

Quando saí da crise, tentei voltar à minha rotina, mas senti dificuldade em administrá-la principalmente em sala de aula, pois não conseguia organizar-me como de costume. Entretanto, só associei tais problemas à Síndrome três anos depois, quando fiz parte da pesquisa da professora Jaqueline. Foi a partir do monitoramento da pesquisa que percebi que não sofria só o estresse causado pela labirintite, mas um conjunto de fatores que me adoecia. E o pior é que eu não reconhecia como doença, e pensava que se tratava de uma fraqueza de minha parte, pois eu sempre dei o melhor de mim em tudo que fazia.

No caso de Cleoneide, não foi preciso terapia, nem medicamentos para se tratar: o fato de admitir os sintomas foi um grande passo para a recuperação. "Só o fato de reconhecer a causas da doença foi o suficiente para não adoecer mais. Passei a respeitar meus limites, buscando o equilíbrio entre profissão, família, estudos, lazer e priorizando sempre o meu bem estar", explica.

"Hoje sei que sou melhor profissionalmente e acredito que conhecer os fatores da Síndrome de Burnout me proporcionou um conhecimento que vou levar para a vida: trabalhar com o ser humano, como também a busca de conhecimentos, não precisa ser algo que me consuma, e sim algo gratificante. Mas para isso é preciso por em prática diariamente a grande lição do mestre dos mestres: conhece a ti mesmo", complementa.

Falta de estímulo na profissão

Segundo a psicóloga Jaqueline Brito, o quadro apresentado na pesquisa se deve a fatores sociais, ambientais e pessoais sempre relacionados ao trabalho. "O que pode ser feito para reverter a situação é considerar os aspectos da realidade do professor, o que inclui gestores, alunos, família dos alunos, família dos professores e colegas de trabalho", revela a pesquisadora.

Segundo ela, também é possível desenvolver medidas com o objetivo de minimizar as consequências do desconforto das salas de aula na saúde dos docentes. Outra alternativa é a construção de um serviço multidisciplinar de atenção à saúde do professor para proteger e recuperar a saúde dos profissionais, incluindo-os em programas de combate ao estresse.

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Jornal da Paraíba

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