Caso Rebeca: crime sem solução

Inquérito policial sobre a morte da estudante está no terceiro volume com quase 800 páginas e já passou por pelo menos três equipes.

Mais de 50 pessoas ouvidas e nenhuma informação concreta que leve à autoria do assassinato da estudante Rebeca Cristina Gomes, de 15 anos, encontrada morta, há quasse um ano, no dia 11 de julho de 2011, em uma matagal próximo à praia de Jacarapé, em João Pessoa. Mesmo com esperança que a polícia encontre o acusado pelo crime, a família da vítima reclama na demora na elucidação do caso.

Desde as investigações sobre o assassinato de Rebeca Cristina, segundo o delegado responsável pelo caso, Glauber Fialho Fontes, o inquérito policial sobre a morte da estudante está no terceiro volume com quase 800 páginas e já passou por pelo menos três equipes da Delegacia de Homicídios da capital.

Em abril deste ano, o Secretario de Segurança Pública e Defesa Social, Cláudio Lima, nomeou uma equipe do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil para conduzir o inquérito.

Para a mãe de Rebeca, Tereza Cristina Gomes, a troca de policiais para apurar o caso pode ter atrasado o andamento das investigações. Além disto, a família ainda continua recebendo informações falsas sobre a autoria do crime. “Todas as vezes que trocava de delegado, o inquérito voltava para a ‘estaca zero’ e começava tudo de novo. Nesse meio tempo, a polícia descartou muita coisa, mas também deixou de investigar outras.

A polícia apenas me diz que está investigando, mas não me apresenta nada de concreto e ainda recebemos informações falsas”, lamenta.

O delegado Glauber Fialho Fontes considera o homicídio da adolescente um crime de alta complexidade e explicou que isso motiva a demora na elucidação. “Cada crime tem sua complexidade, mas este, em especial, é um caso muito difícil. As investigações continuam e sempre mantemos a família informada. Infelizmente existem pessoas que não respeitam a dor alheia e criam denúncias falsas, com o objetivo de atrapalhar as investigações”, revela.

Após acompanhar tantos depoimentos e explicações dos policiais sobre o assassinato da filha, Tereza Cristina acredita que o autor do crime planejou a ação e é uma pessoa experiente, com prática de manuseio de arma de fogo. “Tenho certeza de que quem matou minha filha sabia quem era ela e planejou tudo. Até mesmo do jeito como deixaram o corpo, em um local aberto para que fosse encontrado logo. E com o requinte de crueldade que mataram Rebeca, não foi qualquer assassino ou estuprador. Tinha conhecimento de como manusear a arma e de não errar o alvo. Foi coisa de profissional, de quem é acostumado a fazer esse tipo de coisa”, disse.

Pelas características do crime e do modo como a vítima foi morta, o delegado Glauber Fialho informou que também não descarta a possibilidade do autor ter planejado toda a ação e alegou que não pode passar muitas informações, inclusive à família, sobre as investigações para não atrapalhar o caso.