Cineasta Linduarte Noronha recebe troféu no Cineport

Troféu Humberto Mauro, excepcionalmente, terá um quarto vencedor no festival deste ano: é o cineasta paraibano Linduarte Noronha.

Renato Félix
Do Jornal da Paraíba

Hoje é dia dos homenageados no Cineport, na Usina Cultural Energisa. Estão programados os longas da portuguesa Teresa Villaverde e da moçambicana Isabel Noronha. Apesar de a atriz e diretora brasileira Helena Ignez completar o trio que recebe o Troféu Humberto Mauro, excepcionalmente um quarto foi concedido no festival deste ano: para o cineasta paraibano Linduarte Noronha. Não é para menos, já que ele é continuamente reverenciado pela comunidade cinematográfica como um dos que deram o pontapé inicial para o Cinema Novo. Manfredo Caldas, um de seus discípulos, lança hoje no evento o documentário que dirigiu para o Canal Brasil sobre Linduarte: Cineasta da Terra, com exibição às 18h.

Paraibano vivendo em Brasília há anos, Caldas mostra Linduarte lembrando seus grandes filmes – notadamente Aruanda (1960) e O Cajueiro Nordestino (1962) – e faz um passeio com locais importantes em sua história, como o bairro do Varadouro, onde cresceu, e o centro de João Pessoa, onde trabalhou como jornalista. Na filmagem do passeio por essa região, teve a companhia de Nélson Pereira dos Santos, um dos maiores cineastas brasileiros e ele mesmo outro precursor (depois integrante) do Cinema Novo. Na sequência da exibição de Cineasta da Terra, será exibido o longa Romance do Vaqueiro Voador, também de Manfredo Caldas.

Isabel Noronha é uma documentarista empenhada em retratar a realidade de Moçambique em diversas frentes. Ngwenya, o Crocodilo (2007) é um retrato do artista plástico moçambicano Malangatana Ngwenya, em sua aldeia natal e em seu ateliê, na capital do país, Maputo. O filme será exibido às 20h. Em seguida, às 22h, é a vez da sessão de homenagem à portuguesa Teresa Villaverde, duas vezes vencedora do Prêmio Elvira Notari, no Festival de Veneza. O filme exibido será Os Mutantes (1998), indicado a melhor filme, diretora, ator (Alexandre Pinto) e atriz (Ana Moreira) no Globo de Ouro português.

Em festivais assim, escolhas difíceis têm que ser feitas. Assim, Juventude (2008), do genial Domingos de Oliveira, também será exibido às 20h, mas na sala digital. O filme mostra a amizade de três homens bem vividos (Paulo José, Aderbal Freire Filho e o próprio Domingos) desde a infância.

Amanhã, o destaque é Signo do Caos (2005), o último filme de Rogério Sganzerla. O ícone máximo do chamado cinema marginal (embora a turma desse cinema odeie essa nomenclatura), diretor do clássico O Bandido da Luz Vermelha (1968), situa seu filme na sala de censura de um governo, onde os funcionários devem analisar um material filmado que chegou do exterior – e vão mutilando tudo. Com Camila Pitanga no elenco, o filme será exibido às 21h30.

O dia tem filmes nacionais que passaram pelos cinemas locais (o péssimo A Guerra dos Rocha, 2008, de Jorge Fernando, às 16h; e o bom Os Desafinados, (2008), de Walter Lima Jr., às 19h) e também atrações internacionais. Além de Contrato (2009), do português Nicolau Brayner, às 19h, e Sonho de Criança (2008), de Manuel de Abreu, às 23h, é também o caso do documentário Muitos Dias Tem o Mês (2009), da portuguesa Margarida Leitão. No filme, ela investiga a crescente dependência do português das compras a crédito e as dívidas crescentes.

Além destes destaques, ainda continuam as mostras de curtas – uma delas, exclusiva para curtas paraibanos. Opções é que não faltam hoje e amanhã na Usina Cultural Energisa.