Confrontos na região de Gaza se intensificam

Atual escalada de violência já matou ao menos 130 palestinos e cinco israelenses.

Em meio a frenética movimentação diplomática e informações desencontradas sobre a iminência de uma trégua, os confrontos entre Israel e extremistas palestinos da faixa de Gaza se intensificaram ontem, de ambos os lados da fronteira.

Um membro do grupo islâmico Hamas envolvido nas negociações intermediadas pelo Egito, no Cairo, chegou a dizer que o acordo de cessar-fogo havia sido fechado, mas a informação foi negada pelo governo de Israel.

Enquanto falavam em trégua, Israel e o Hamas intensificaram os ataques, numa indicação de que pretendem manter o inimigo acuado até que um acordo seja obtido.

Quando a noite caiu em Gaza e parecia que o cessar-fogo seria anunciado no Cairo, a reportagem pôde ouvir pesados bombardeios israelenses perto do litoral, ao mesmo tempo em que dezenas de foguetes palestinos eram disparados contra Israel.

Foi o desfecho do sétimo dia da ofensiva israelense, que deixou pelo menos 20 pessoas mortas em Gaza. Fontes palestinas informaram que a maioria era civil, mas Israel disse que 18 eram militantes do Hamas e do grupo radical Jihad Islâmico.

Em Israel, um soldado e um civil foram mortos por disparos de Gaza. Segundo o Exército israelense, seu território foi alvejado ontem por mais de 150 projéteis. "É assustador", disse ao site de notícias israelense Ynet um morador da região. "Quem pede um cessar-fogo vai ficar querendo. Nós esperamos que a ofensiva vá até o fim. Já sofremos demais."

A atual escalada de violência já matou ao menos 130 palestinos e cinco israelenses.

Além dos disparos contra as áreas próximas da fronteira israelense, que há anos é alvo da artilharia de Gaza, os palestinos voltaram a ameaçar o centro de Israel com foguetes de longa distância.

Um deles atingiu um prédio na cidade de Rishon Lezion, deixando duas pessoas feridas. Outro foi disparado contra Jerusalém, o centro do poder israelense, mas caiu numa área aberta da Cisjordânia ocupada.

O ataque disparou o alarme antiaéreo em Jerusalém pouco antes da chegada do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que exortou o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, a não ordenar uma ação por terra em Gaza. "Essa escalada de violência está colocando toda a região em risco", alertou.

O premiê respondeu que está disposto a aceitar uma solução diplomática. "Mas não hesitaremos em fazer o que for preciso para defender nossos cidadãos", ressalvou.

Pouco depois, foi a vez da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, se reunir com Netanyahu em Jerusalém. Ela reafirmou o compromisso dos EUA com a segurança de Israel.

"Os ataques terroristas de Gaza devem parar, e a calma deve ser restaurada", afirmou. Ela não quis prever quando a trégua entrará em vigor, mas disse que está trabalhando para que "uma solução duradoura seja alcançada nos próximos dias".

A aviação israelense lançou panfletos ontem no norte de Gaza, recomendando à população que deixasse a região porque ela seria atacada. O alerta gerou uma longa caravana de famílias em fuga, em vans, carroças e a pé.