Delegado indicia agentes acusados de facilitar fuga em Sousa

Inquérito policial foi concluído e apurou que a fuga de quatro detentos foi facilitada. Três deles já foram recapturados.

George Wagner

O inquérito policial sobre a fuga de detentos da Colônia Penal Agrícola de Sousa foi concluído pelo delegado Silvio Bardasson Filho. A investigação apurou a fuga de quatro detentos na madrugada do dia 31 de maio, por volta das 2h, com o suposto apoio de agentes penitenciários.
 
No inquérito policial, o delegado indiciou dois agentes penitenciários e quatro detentos envolvidos no esquema montado para facilitar a fuga dos presos. Foram processados os agentes Marcelo Abrantes Pereira e Francisco de Assis Alves Aragão. Eles são acusados de terem estreito relacionamento com os apenados e terem participado de forma efetiva das recentes fugas registradas na colônia penal.
 
As investigações detalhadas no relatório policial confirmaram que, naquela madrugada, os detentos Adaílton Alves de Lima, vulgo “Queixo de Tamanco”, Antônio Berto Filho, conhecido como “Toinho Tarado”, Fagner Barbosa Ramos, o “Jogador”, e Antônio de Sousa Sobrinho, vulgo “Antônio de Patos”, que estavam recolhidos na cela denominada de “enfermaria”, utilizando-se da própria chave da cela abriram o cadeado e fugiram, pulando as grades do albergue feminino, onde não tem vigilância na guarita.
 
O delegado Silvio Bardasson revela no seu relatório que a fuga foi planejada por Antônio de Patos e facilitada pelo agente penitenciário Marcelo Abrantes Pereira.

“Segundo consta, o agente pediu para aquele detento a quantia de R$ 15 mil para facilitar o acesso à chave da cela, inclusive teria indicado o melhor local para fugir do presídio e, também, dado suporte logístico ao contactar a pessoa de prenome Joab para transportar o detento Antônio de Sousa Sobrinho até a cidade de Patos, após a fuga”.
 
Sobre o comportamento do agente penitenciário Marcelo Abrantes, o delegado Bardasson teria obtido informações da operação Alcatraz patrocinada pela Polícia Civil. Através da escuta de telefonemas, autorizados pela Justiça, a polícia teve acesso a informações comprometedoras contra o agente.

“A interceptação telefônica revela prática dos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, facilitação de entrada de telefones em presídio e formação de quadrilha; este último delito, no entanto, será objeto de Inquérito Policial próprio, a ser instaurado por esta autoridade policial”, destacou o delegado.
 
Os depoimentos também apontaram a participação do agente Francisco Assis Alves Aragão. Segundo consta no relatório do delegado, “o agente era o responsável pela segurança na Colônia Penal (Chefe de Turma) e tinha o dever de manter sob sua vigilância e controle todas as chaves da unidade prisional.”

Bardasson ainda revelou que o agente é acusado de permitir aos detentos o acesso as chaves da prisão, “em depoimento prestado perante esta autoridade policial, o apenado Eliezer Pereira da Silva, vulgo Cabeção, afirmou que o Agente Aragão lhe teria permitido acesso a chave da cela dos presos”.

 Dos quatro detentos que fugiram do presídio, três já foram recapturados. A polícia continua em diligência para prender o quarto fugitivo, Fagner Barbosa Ramos, o “Jogador”.