Gilberto Gil tem pés fincados nas fontes e braços abertos às novidades

Comecei este sábado (02) postando um texto sobre Gilberto Gil.

Volto a Gil, agora com um pequeno trecho de um ensaio que escrevi quando ele fez 70 anos e nunca publiquei.

É o que se segue:

Ciência, religião, arte, política. O homem no meio disso tudo. Os pés fincados na fontes. Os braços abertos para as novidades. A vontade de unir as duas coisas, mais do que de provocar rupturas. O espírito conciliador em curiosa oposição ao desejo de mudança. A generosidade. Pensamos nestes temas e questões quando ouvimos o seu cancioneiro. Mais ainda quando conversamos com ele.

Uma vez, perguntaram à jovem Billie Holiday se ela sabia cantar e ela respondeu que todo mundo sabe. Em Gil, a música brota tão naturalmente que é como se fizesse uma coisa que todos sabem fazer. Ele me dá esta sensação mais do que outros artistas. Como se não houvesse esforço no ato de compor, de cantar, de tocar, de subir no palco e conduzir o público a uma celebração em que a música é musa única.