História é cheia de exemplos de ‘fenômenos’ de um só mandato

Toinho do Sopão”, do PTN, corre o risco de ter o mesmo destino que outras figuras populares que, oriundas do povo, galgaram a um mandato eletivo na Paraíba.
 

Aline Lins
Do Jornal da Paraíba

Com 57.492 votos obtidos de forma fenomenal nessas eleições de 2010, o deputado mais bem votado de toda a história da Assembleia Legislativa da Paraíba, Antônio Petrônio de Souza, o “Toinho do Sopão”, do PTN, corre o risco de ter o mesmo destino que outras figuras populares que, oriundas do povo, sem tradição política ou qualquer intimidade com a vida pública, galgaram a um mandato eletivo na Paraíba.

Por inexperiência, inexpressividade, falta de apoio, de recursos, dificuldades com legenda, por contrariar interesses, são vários os fatores que levam uma candidatura ao fracasso, e assim os parlamentos guardam histórias de inúmeros casos de mandatáros que não passaram do primeiro mandato, caindo muitas vezes no ostracismo.

Entre os que se enquadram nessa situação de ‘fenômenos eleitorais’ que se limitaram a só um mandato, diante da frustração do eleitorado por alguma razão objetiva, destacam-se na Paraíba os ex-vereadores Fernando do Grotão, de João Pessoa; ‘Negão do Café’, de Campina Grande ou mesmo Expedito Simões dos Santos, mais conhecido por “Pipi”, de Patos.

Em 3 dias, deputado eleito fez ‘lambança

‘Toinho do Sopão’, o deputado eleito mais votado da história da Paraíba, tem-se mostrado atrapalhado com o mandato e estrelato.O comerciante de Piancó, que há nove anos distribui sopa a pessoas carentes e à população em geral no Parque Solon de Lucena, no centro de João Pessoa, conseguiu 46 mil dos mais de 57 mil votos só na capital.

Contudo, apenas dois dias depois de eleito pela coligação de um candidato Ricardo Coutinho (PSB) – Uma Nova Paraíba 3 – , aderiu ao concorrente José Maranhão (PMDB). O PTN reagiu duramente. Tanto que a direção municipal da legenda voltou atrás e já declarou mais uma vez a “neutralidade” de Toinho no 2º turno.

O presidente municipal do PTN em João Pessoa, Djalvani Alves da Fonseca, definiu como um “equívoco” a atitude e percebeu que não seria possível manter o apoio ao candidato do PMDB no 2º turno das eleições para governador.

O assessor de imprensa de Toinho, Ilomar Araújo, diz que quem voltou atrás no apoio declarado ao candidato a governador do PMDB foi o PTN, e não Toinho. De acordo com Ilomar, a maioria dos eleitores de Toinho apoiou sua atitude. Apesar disso, afirmou que Toinho vai seguir a decisão do partido.

Araújo acredita que ainda é muito cedo para prejulgar as atitudes iniciais de ‘Toinho do Sopão’ em relação à vida pública. Segundo o assessor do deputado eleito, Toinho terá muitas chances de mostrar sua capacidade de arregimentar as pessoas em favor de seus projetos.

Mais 3 casos emblemáticos de ‘fenômenos’

Três casos são emblemáticos de eleitos como fenômenos eleitorais que não tiveram mais encontro feliz com as urnas.

O ex-vereador Fernando do Grotão, 49, foi eleito com 2.221 votos em João Pessoa em 2000, graças ao seu trabalho comunitário, especialmente no Grotão, onde mora. Tentou outras duas vezes se reeleger, mas não obteve sucesso. A primeira, segundo ele, por dificuldade da legenda e a segunda, por estar afastado há muito tempo do mandato.

O ex-vereador de Campina Grande João Ricardo de Lima, o ‘Negão do Café’, se elegeu com 1.611 votos no ano de 2000 pelo PV. Passou 25 anos vendendo cafezinho e, como figura folclórica, continuou indo para a Câmara pedalando uma bicicleta, para promover o respeito e a defesa ao meio ambiente. Concorrendo à reeleição em 2004, não obteve êxito porque a campanha foi mais acirrada, ou mais “salgada”, como comentou o ex-vereador, que nunca mais tentou novamente um reencontro com as urnas.

Em Patos, o ex-vereador Expedito Simões dos Santos, mais conhecido por ‘Pipi’, foi eleito vereador em 2004, com 1.032 votos. A eleição do ex-cabo eleitoral do deputado Dinaldo Wanderley se transformou na grande surpresa daquele pleito. Mas ‘Pipi’, que tinha uma atuação na logísticas das campanhas eleitorais muito intensa. não costumava usar a tribuna e não conseguiu sua reeleição no pleito seguinte, quando já fazia parte da bancada de situação, apoiando o prefeito Nabor Wanderley (PMDB) e não mais Dinaldo Wanderley (DEM).