IPC recebe média de cinco corpos de vítimas de homicídios por dia

Média é referente ao número de necrópsias feitas este ano na região metropolitana de João Pessoa. Para entidades das Polícias Civil e Científica, é necessário convocar concursados.

Karoline Zilah

A Gerência de Medicina e Odontologia Legal (Gemol), que atende os municípios da região metropolitana de João Pessoa, recebe por dia uma média de 5,2 corpos de pessoas assassinadas. Para a Associação de Servidores da Polícia Científica da Paraíba (Aspocep), o dado revela não somente o crescimento da violência na Capital e nas cidades vizinhas, mas também a necessidade de ampliar o número de trabalhadores no setor.

A média divulgada tem como base o número de homicídios registrados de janeiro a abril deste ano, dividido pela quantidade de dias de cada mês. A convocação de mais concursados da Polícia Civil para atender à demanda foi uma das principais questões levantadas no debate sobre segurança pública ocorrido nesta segunda-feira (16) no jornal Paraíba Agora, na rádio Paraíba FM.

Participaram também o coronel Francisco de Assis, presidente do Clube dos Oficiais, coronel Maquir Cordeiro, presidente da Caixa Beneficente da PM, e Manoel Leite, presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários.

De acordo com o perito criminal Joelson Santos, presidente da Associação dos Peritos Oficiais da Paraíba, a quantidade atual de servidores atuando na Polícia Científica de João Pessoa não é suficiente para cumprir a demanda que chega de todo o Estado.

"Não atendemos só perícias de homicídios, mas também de arrombamentos, acidentes de trânsito, exames de DNA, entre outros. À medida em que os índices de criminalidade crescem ao longo dos anos, é necessário que o Estado aumente também os recursos humanos", comentou Joelson.

A preocupação foi reforçada pelo presidente do Sindicato dos Policiais Civis da Paraíba, Antônio Erivaldo: "mais de 1.500 inquéritos de homicídios estão parados por falta de pessoal para investigá-los", declarou.

"Antes apenas os finais de semana eram violentos, agora os homicídios acontecem constantemente, independente do dia da semana", complementou o perito criminal Joelson Santos.

424 homicídios na PB em três meses

O Jornal da Paraíba divulgou em abril dados levantados pela Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social (Seds). O número de homicídios na Paraíba cresceu 25,81% no primeiro trimestre de 2011, em relação ao mesmo período do ano passado. Somente nos três primeiros meses deste ano, 424 pessoas foram assassinadas, 87 a mais que em 2010.

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Estado tem um índice de homicídios mais alto que a média nacional. O secretário estadual de Segurança Pública Cláudio Lima discordou dos números e disse que na área de segurança existe uma fraqueza com relação a dados estatísticos.

Ele admitiu que a taxa de homicídios é uma das maiores preocupações da segurança estadual. Porém, disse que os números divulgados pela pesquisa não correspondem à realidade. O secretário garantiu que somados os dois últimos anos, a Paraíba já conseguiu reduzir em cerca de 40 % a média de homicídios.

A Seds oferece o serviço de Disque Denúncia (197) para que a população possa contribuir com a polícia nas investigações de diversos crimes, inclusive, de homicídios. A ligação é gratuita e o sigilo é garantido.

Últimas ocorrências

Neste domingo (15), a violência na Grande João Pessoa seguiu o mesmo ritmo na noite do domingo (15). Num intervalo de apenas duas horas, três pessoas foram assassinadas na Capital e em Santa Rita.

No Padre Zé, Jonatas Pereira Carneiro, de 23 anos, foi baleado quando conversava em praça pública. Ele foi abordado por dois homens que chegaram à bordo de uma motocicleta. Mesmo ferido, o jovem ainda tentou se refugiar dentro de um clube onde acontecia uma festa de aniversário, mas acabou morrendo no local. Segundo parentes, Jonatas era usuário de drogas. A Polícia Civil investiga se o crime foi ordenado por traficantes.

Em Mandacaru, o servente de pedreiro Tyrone Ferreira, de 26 anos, foi executado quando andava de bicicleta. Os moradores do bairro disseram que apenas ouviram os disparos de arma de fogo. O servente foi encontrado caído por cima da bicicleta. A polícia ainda não tem pistas de quem cometeu o crime, nem dos motivos da execução. Esta ocorrência e o assassinato no Padre Zé serão apurados pela Delegacia de Homicídios da Capital.

Já em Santa Rita, no bairro Marcos Moura, a vítima foi o ex-presidiário José Carlos Damásio, de 22 anos. Ele estava na frente de uma casa com uma amiga quando um grupo de homens encapuzados se aproximou atirando. A jovem que testemunhou o crime disse que entrou em casa e não conseguiu identificar os atiradores. José Carlos já havia cumprido pena por assalto. A suspeita é de que ele tenha sofrido um acerto de contas. O caso será investigado pela 6ª Delegacia Distrital.