Mãe que abandonou bebê pode ter mentido sobre dia do nascimento

Segundo delegada e equipe médica, menino deve ter cerca de um mês de vida. No hospital, médicos não encontraram secreção que confirmaria parto recente.

Silvana Torquato
Do Jornal da Paraíba

A delegada de Esperança, Mairan Moura que investiga o caso do bebê enterrado vivo no distrito de São Miguel, na última terça-feira, disse que a mãe do menino, Jussara Alves dos Santos, 19 anos, pode estar mentindo quando afirmou que o parto aconteceu às 14h da última segunda-feira.

Durante exame ginecológico feito na Gerência de Medicina e Odontologia Legal (Gemol), em Campina Grande, os médicos legistas não encontraram secreção que confirmaria que o parto aconteceu no início da semana.

Mairan ainda disse que os médicos do hospital de Esperança, que atenderam a criança, e do Gemol, já confirmaram que o bebê não aparentava ter nascido na última segunda-feira. As informações da unidade hospitalar de Esperança é de que ele teria quase um mês de vida. “O que confirma essa suspeita é de que o umbigo já estava cicatrizado no dia em que o bebê foi encontrado”, ressaltou.

A delegada também sugeriu à Justiça a transferência de Jussara Alves do presídio feminino do Serrotão para o hospital psiquiátrico colônia Juliano Moreira, em João Pessoa, para fazer o exame que detecta se ela apresenta estado puerperal, que é produzido por alterações hormonais na mulher, criando uma instabilidade psíquica.

Se a sugestão for acatada e o estado puerperal não for comprovado, a mãe do bebê será indiciada por tentativa de homicídio. No entanto, se não houver a alteração hormonal, o crime passa a ser infanticídio, que se trata de assassinato de crianças nos primeiros anos de vida.

No mesmo dia em que Jussara Alves foi presa, na última terça-feira, seu companheiro, que não teve o nome revelado pela polícia, veio de São Paulo e prestou depoimento à delegada Mairan Moura. “Ele confirmou que tinha um relacionamento com Jussara há cinco meses e que se o filho dela for de nove meses não tem como ser dele”, disse Mairan. A delegada também informou que o companheiro dela já sabia da gravidez e que mais pessoas do distrito São Miguel também.

A delegada disse que ele confirmou que Jussara pretendia se mudar para São Paulo com o companheiro assim que tivesse o filho. “Tudo parece planejado por ela e não como ela afirmou em depoimento”, contou. O suposto pai do bebê, que é casado e mora em Esperança prestará depoimento na próxima segunda-feira.

Internação

O bebê foi encontrado vivo na última segunda-feira, no Sítio Velho, em Esperança, por agricultores da região. O menino ainda continua sem nome, mas a tia Jocélia Morenos, que tem sua guarda provisória, pensa em chamar-lhe de “Ruan”. O estado de saúde da criança, internada na UTI neonatal da Clipsi hospital continua estável e não há previsão de alta.