Onda de ataques deixa 72 mortos

Ataques feriram outras 217 pessoas.

Ataques a bomba no Iraque mataram pelo menos 72 pessoas e feriram outras 217 ontem, em Bagdá. Nenhum grupo reivindicou os 16 ataques, mas a maioria dos 11 bairros atingidos eram de maioria xiita, ainda que algumas áreas sunitas também tenham sido atingidas.

Os atentados aumentam as tensões sectárias entre xiitas e sunitas menos de uma semana após a retirada das tropas americanas.

Os ataques são, aparentemente, uma reação contra o primeiro-ministro, o xiita Nouri al Maliki, que pede o julgamento do seu rival sunita, o vice-presidente iraquiano Tareq Hashemi. Hashemi enfrenta acusações de que comandaria esquadrões da morte e se encontra foragido na região semi autônoma do Curdistão.

Maliki também estaria pressionando os deputados por um voto de não confiança contra outro político sunita, o vice-primeiro-ministro, Saleh al Mutlaq.

Na maior das explosões, ao menos 18 pessoas morreram em um ataque suicida com uma ambulância, próximo ao edifício de uma agência anticorrupção do governo no bairro de Karrada, região de maioria xiita.

Dois policiais que estavam no local disseram que o motorista da ambulância pediu para passar, pois precisava chegar ao hospital. Depois de liberado pelos guardas, o homem dirigiu até o prédio e se explodiu.

O primeiro-ministro iraquiano acredita que os atentados tenham ligações com a atual crise política. "A sincronização desses crimes e os lugares onde eles aconteceram confirmam a natureza política dos alvos", disse em comunicado oficial.

AL QAEDA
Um oficial sênior dos EUA disse que Washington acredita que a violência foi provavelmente obra do grupo terrorista Al Qaeda. "O ataque tem todas as características da Al Qaeda, os alvos eram grandes concentrações de civis e eles estariam tentando recriar o apoio que tiveram no oeste e norte do país", disse o oficial, que preferiu não se identificar.

PREOCUPAÇÃO
A Casa Branca expressou sua preocupação com a atual crise política no Iraque, dias depois de encerrar em uma cerimônia oficial a guerra da qual participou no país. O porta-voz da Presidência americana, Jay Carney, afirmou que os Estados Unidos estavam "inquietos" em relação à crise iraquiana, iniciada após a partida dos últimos soldados americanos.

Os EUA entregaram na última sexta-feira às forças armadas iraquianas a última das 505 bases militares de que dispunham no país, um dia após a cerimônia formal.