PF ainda apura ligação de traficante Passinho com candidatos

Traficante pode ter envolvimento com compra de votos e distribuição ilegal de material de campanha nas eleições de 2010.

João Paulo Medeiros
Do Jornal da Paraíba

Quase nove meses depois da prisão do traficante Francisco Clemente dos Santos, o Passinho, a Polícia Federal ainda não concluiu o inquérito 275/2010, que apura o possível envolvimento dele com compra de votos e distribuição ilegal de materiais de campanha durante as eleições de 2010.

Entretanto, as investigações já revelaram a existência de possíveis ligações do acusado com pelo menos seis pessoas que na época disputavam cargos nas eleições proporcionais do ano passado. Somente em 2010, mais de 60 inquéritos foram instaurados na Delegacia da Polícia Federal de Campina Grande, para apurar possíveis crimes eleitorais.

A revelação foi feita pelo delegado da Polícia Federal Gustavo Vieira Barros, que investiga o caso. Segundo ele, os materiais apreendidos com o acusado indicam a existência de indícios de um possível envolvimento dele no processo eleitoral de 2010. “Mas, ainda falta muito a fazer antes de tomarmos qualquer tipo de medida”, ressaltou, acrescentando que ainda vai ouvir mais pessoas citadas.

Segundo ele, a expectativa é de que Passinho seja interrogado no mês de outubro na sede da Polícia Federal em Campina Grande. “Nós temos bastante material em mãos que foi naquela época apreendido no flagrante e fruto do trabalho de investigação que nossa equipe tem realizado que demonstra que ele teria praticado algum tipo de ilícito eleitoral. Agora a tarefa é concluir a análise do material e as investigações”, observou Gustavo Vieira Barros, acrescentando que já possui muitos elementos sobre a possível prática irregular.

O inquérito já foi remetido ao Ministério Público, que devolveu o procedimento à delegacia e deu mais prazo para a conclusão das investigações. O traficante foi preso no bairro do Jeremias, no mês de outubro do ano passado durante uma operação policial. De acordo com a Polícia Federal, ele estaria sendo investigado pelo crime de tráfico de drogas, mas acabou sendo flagrado com os materiais eleitorais.

A tramitação do procedimento está na 71ª Zona Eleitoral e o promotor Demétrius Castor aguarda o relatório final das investigações para se posicionar sobre o caso. Francisco Clemente foi preso por equipes da Polícia Federal e Militares no bairro do Jeremias, região em que, segundo a Polícia, possui influência sobre o tráfico de drogas. Na época com ele foram apreendidos mais de 100 cópias de títulos eleitorais, contas de energia, panfletos apócrifos, cerca de R$ 3 mil, além de outros materiais que indicariam a participação dele em crimes como compras de votos.

Na época da prisão, o acusado estaria envolvido no assassinato de Rafael Dantas da Silva, de 26 anos,, executado com mais de 15 tiros na mesma comunidade. Os advogados de Passinho negaram qualquer tipo de participação dele no delito, mas até agora ele continua preso em um dos presídios de segurança máxima de João Pessoa, respondendo pelo crime.