PF indicia 16 pessoas por formação de cartel de gás de cozinha

Inquérito apurou existência de cartel na venda de gás em Campina Grande, Sapé, Mamanguape e Guarabira. Presidente de sindicato é acusado de chefiar esquema.

João Paulo Medeiros
Do Jornal da Paraíba

Onze meses depois de deflagrada a ‘Operação Chama Azul’ pela Polícia Federal, o Ministério Público Federal (MPF) e a Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, a Polícia Federal de Patos concluiu e enviou à Justiça o inquérito policial que apurou a possível existência de um cartel na venda de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), conhecido como gás de cozinha, nas cidades de Campina Grande, Sapé, Mamanguape e Guarabira.

O relatório foi remetido à 3ª Vara Criminal no início dessa semana e 16 pessoas foram indiciadas acusadas de envolvimento no suposto esquema.

Entre os indiciados, conforme a Polícia Federal, está o presidente do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis e Derivados do interior da Paraíba (Sindirev), Bruno Agra, além de revendedores do produto de Campina Grande. O inquérito policial também foi encaminhado ao Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público da Paraíba, que deverá denunciar ou não os suspeitos.

Na época da operação, a Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça estimou que a cartelização da venda do gás de cozinha teria provocado um prejuízo de aproximadamente R$ 7 milhões. Durante a ação, foram presas temporariamente 13 pessoas e alguns envolvidos foram detidos nos estados de São Paulo, Ceará e Pernambuco. As investigações da Polícia Federal foram iniciadas pelo delegado Paulo Henrique Ferraz e concluídas pela delegada Mariana Cavalcante, da delegacia de Patos.

Segundo a polícia, as investigações teriam constatado que os supostos acordos de preços teriam sido feitos também no Sindirev e o presidente da entidade, Bruno Agra, teria tentado induzir testemunhas, por isso ele também foi indiciado. As investigações começaram a ser realizadas no mês de janeiro de 2009, quando o valor do gás de cozinha teria sofrido um aumento superior a 20%, passando de R$ 30 para R$ 38. Vinte e oito mandados de busca e apreensão também foram cumpridos pelos agentes federais durante a ação.

Sindicato nega cartel

Em contato ontem com o Jornal da Paraíba, o presidente do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis e Derivados do interior da Paraíba (Sindirev), Bruno Agra, mostrou-se tranquilo e afirmou que vai provar na Justiça que não havia nenhum tipo de cartel na venda do gás de cozinha em Campina Grande e nas iutras três cidades. Ele lembrou que as reuniões realizadas no sindicato foram feitas com o objetivo de discutir ações de combate à venda clandestina do produto.

“A polícia não prova nada. Não existe e nem existia cartel em Campina Grande no varejo. Essa denúncia foi feita por um empresário falido e eles aproveitaram essa informação para que o inquérito circulasse em Campina Grande”, defendeu-se.