População pede mais segurança na Zona Sul da capital

Moradores dos Bancários revelam que se sentem cerceados pela violência constante.

Cansados da crescente onda de violência vivenciada no bairro dos Bancários, moradores elaboraram uma petição pública e estão recolhendo assinaturas cobrando medidas de segurança mais enérgicas no bairro e adjacências. Segundo residentes do local, a insegurança não é novidade, contudo o sequestro ocorrido na rua Rosa Lima dos Santos seguido de estupro e morte tornou a situação insustentável.

A idealizadora da petição, que preferiu não se identificar, explicou que a iniciativa foi proposta diante dos casos de violência que têm acontecido no bairro dos Bancários e adjacências. “Eu já fui assaltada e conheço diversas pessoas que já foram. Participo de um grupo na internet onde diversas pessoas contam relatos de assaltos e sempre comentam que precisávamos tomar alguma medida mais enérgica”, explicou, revelando que o intuito é atingir um alto número de assinaturas e protocolar a petição junto à Secretaria de Segurança e ao governo do Estado.

No texto, que pode ser acessado e assinado por meio do link http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR82698, os moradores revelam que se sentem cerceados pela violência constante. No documento, eles pedem policiamento preventivo integrado, melhorias nas condições físicas, psicológicas e materiais dos policiais; e mobilização de esforços para a implantação de uma delegacia no bairro dos Bancários, visto que o local é atendido pela 9ª Delegacia Distrital de Mangabeira. Até o fechamento desta edição, 400 pessoas já tinham assinado a petição.

POPULAÇÃO INSEGURA
Uma vítima recente da violência no bairro foi Maria da Silva (fictício). Ela voltava da faculdade com duas amigas na última segunda-feira quando foi abordada por um homem armado. “Fui assaltada em frente à minha casa e fico pensando que ele podia ter entrado e acabado fazendo algo pior”, lamentou.

Na rua Rosa Lima dos Santos, onde ocorreu o sequestro de Caroline Teles, 31 anos, seu filho de nove meses e a amiga Glória Silva, 42, no último sábado, o clima de tranquilidade engana. Conforme a comerciante Valesca de Lima, não são incomuns relatos de pessoas assaltadas na região.

Sobre o policiamento, a reportagem procurou o tenente-coronel Sena, que é responsável pela área. Mas até o fechamento desta edição as ligações não foram atendidas.

A enfermeira Caroline Teles, 31 anos, foi deixar a amiga Glória Silva, 42, na casa dela, também nos Bancários, quando foi abordada por dois homens. Um entrou no carro, em que ainda estava o filho de Caroline, de nove meses, e as obrigou a dirigir até o município de Goiana, em Pernambuco. Lá elas foram estupradas e espancadas. Em seguida, os bandidos passaram com o veículo por cima delas. Glória não resistiu e morreu, Caroline sobreviveu após se fingir de morta e a criança foi encontrada amarrada dentro da mata. O enterro de Glória Silva estava previsto para acontecer ontem na cidade de Juazeiro, na Bahia.
O superintendente da Polícia Civil da Paraíba, Marcos Paulo Vilela, informou que ainda não há novidades sobre o caso e pediu para que a população colabore através do Disque Denúncia 197.

Saiba mais
Ontem, a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Paraíba (OAB-PB), emitiu uma nota pública de repúdio pelo crime, afirmando que acompanhará as investigações e designará representantes para dar apoio às famílias das vítimas. Na nota, a entidade classificou o crime como ‘brutal’ e ‘bárbaro’, destacando que isso denota a necessidade de “punições mais rígidas contra a violência de gênero, que possui dados alarmantes em nosso Estado”.