Postos desativados da Manzuá em CG servem de abrigo para sem-teto

Polícia Militar vai instalar, a partir do mês de julho, uma companhia de policiamento rodoviário estadual na região da Borborema.

João Paulo Medeiros
Do Jornal da Paraíba

Dos 12 postos da Operação Manzuá em Campina Grande apenas cinco continuam em atividade. Com uma estrutura ainda conservada, a maior parte dos locais está servindo de abrigo para famílias que não possuem teto. Com a chegada do ‘Maior São João do Mundo’, os moradores que residem próximo às unidades temem a ação de bandidos na prática de assaltos e a entrada de armas e drogas já que os pontos estão sem policiamento. A Polícia Militar vai instalar, a partir do mês de julho, uma companhia de policiamento rodoviário estadual na região da Borborema. Em João Pessoa existiam 16 postos, mas somente em cinco as equipes continuam trabalhando.

A Operação Manzuá continua funcionando nas rodovias federais BR-230, entre as cidades de Campina e João Pessoa e na saída para o Sertão do Estado; e na rodovia BR- 104, na saída para os municípios de Queimadas e Lagoa Seca. Além deles, apenas o posto localizado na rodovia estadual PB-095, que liga os municípios de Campina e Massaranduba prossegue em atividade. Com o início do período junino, as fiscalizações nas unidades ainda são redobradas, devido ao aumento do fluxo de veículos e a entrada de drogas e utensílios ilícitos.

No posto do Cruzeiro há cinco anos uma família reside no local. Já no bairro das Nações, na saída de Campina para as comunidades do Jenipapo, Alvinho e para a cidade de Puxinanã, a família do mototaxista Luciano de Oliveira Silva, de 36 anos, mora no local. “As condições não são tão boas, mas a gente vai vivendo por aqui. Pelo menos a estrutura das paredes ainda está boa. Todo mundo da vizinhança já nos conhece e sabe que somos pessoas de bem. Melhor estarmos morando aqui do que se o local estivesse abandonado”, contou Luciano Oliveira. Ele adiantou que “não temos onde morar. Quando chegamos aqui não havia luz e tivemos de melhorar o prédio. Hoje o imóvel é nossa única casa”, relata o mototaxista, que vive há dois anos no local em companhia da esposa.

Criada há mais de 20 anos na Paraíba a ‘Operação Manzuá’ enfrenta dificuldades para combater a criminalidade há anos. O avanço das técnicas utilizadas pelos bandidos, o surgimento de novas ferramentas tecnológicas no crime, associados ao crescimento das cidades e à criação de novas rotas de fuga têm proporcionado à livre entrada de entorpecentes, armas e criminosos no Estado. São mais de 40 postos espalhados pelo Estado, alguns deles já desativados.

No antigo posto situado na comunidade Três Irmãs, famílias também se abrigam no local. Mas na Travessa Juvêncio Arruda, no bairro de Bodocongó, a situação é ainda mais delicada. Os moradores contam que há pelo menos 5 anos a unidade foi desativada. O matagal e o mau cheiro tomam conta do imóvel, que está abandonado. Morador da rua, o aposentado João Francisco Oliveira, de 77 anos, lamenta a ausência de policiamento na comunidade.

“Aqui é calmo, mas quando tinha polícia trabalhando no posto era bem melhor. A gente se sentia mais seguro”, contou João Francisco, que vive na comunidade há mais de 25 anos.