Presos recebem pizzas e lagostas em presídio, denuncia relatório

Investigações da Polícia Federal e do Ministério Público denuncia regalias e facilidades dentro de presídios de Segurança Máxima na Paraíba. Presos usam celulares à vontade.

Karoline Zilah

Mordomias como refeições à base de lagostas, celulares à disposição e negociações livres entre traficantes de drogas, sem interferências de agentes públicos. Por mais que estas regalias sejam proibidas, elas hoje são praticadas abertamente no sistema prisional paraibano. As irregularidades constatadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Estadual foram manchete do Jornal da Paraíba deste domingo (1) e agora ganham destaque em conteúdo ampliado no Paraíba1.

Para justificar o pedido de transferência de nove presos da Paraíba a penitenciárias federais, os dois órgãos elaboraram um relatório descrevendo provas contra chefes de organizações criminosas.

Leia com exclusividade trechos do relatório obtido pelo Jornal da Paraíba

No resultado das investigações, a PF e o MP apontam presidiários como mandantes de crimes violentos, assaltos a bancos, homicídios e roubos em geral. “Traficantes radicados na Paraíba estão participando, quando não comandando, a distribuição de drogas para Estados do porte do Rio de Janeiro”, revela o documento. As movimentações, segundo apurado, acontecem em presídios que, teoricamente, deveriam ser de segurança máxima: Roger, PB1 e PB2 (em Jacarapé) e Geraldo Beltrão (em Mangabeira).

O relatório deixa claro: atualmente, estar preso não significa estar fora da atividade criminosa. “As facilidades existentes no sistema carcerário da Paraíba permitem que alguns presos, que em tese deveriam se considerar fora de atividade enquanto recolhidos, mantenham em funcionamento as suas organizações”, descrevem os investigadores. Alguns dos investigados são acusados de fazer contatos com traficantes de estados brasileiros que fazem fronteira com países produtores de cocaína.

Tal capacidade de organização dos presos faz o Ministério Público e a Polícia Federal alertarem para perigos maiores que poderiam vir a acontecer. “Infelizmente, é forçoso reconhecer que a estrutura do sistema prisional paraibano não acompanhou a evolução da criminalidade no Estado e, por isso, não tem condições, no momento, de abrigar marginais da envergadura dos que atualmente mantém em custódia. Com as facilidades e o poder de que dispõem, em conjunto ou isoladamente, será questão de tempo a mobilização desses criminosos no sentido de planejarem rebeliões em série, resgate de presos e outras medidas que colocarão em sério risco os estabelecimentos prisionais, os demais presos e, principalmente, a população paraibana em geral”.

O ‘poder’ exercido pelos criminosos dentro dos presídios também lhes permite regalias, conforme descreve o relatório: “é extremamente fácil a entrada de telefones celulares, carregadores, chips, pizzas, bebidas alcoólicas, lagostas e outros luxos nas celas”.

Na época em que o relatório foi emitido, seis presidiários que estavam na penitenciária PB1, em João Pessoa, foram transferidos para o presídio federal de Porto Velho, em Rondônia: Darcton Lima do Carmo, o “Anderson Pitbull”; Thanner Yabesch Asfora (Thanner Asfora); Francisco Soares Padilha Neto (Padilha); Gino de Souza Nazário; Heliomar da Costa Cruz (Sargento Leomar) e Genildo Fábio Crispim (Pinino). Já do presídio Flósculo da Nóbrega (Roger) foram transferidos Edvan Pedro dos Santos e Aldenir Cirino de Sá.