icon search
home icon Home > cotidiano > vida urbana
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo

VIDA URBANA

150 famílias ocupam instalações de prédio abandonado no Altiplano

Segundo a Defesa Civil, hotel no Altiplano, está comprometido e com riscos iminentes de desabamento.

Publicado em 30/04/2015 às 6:00 | Atualizado em 14/02/2024 às 12:23

Os muros de madeira do ambiente de um único vão foram levantados há pouco tempo e a cama e dois pequenos móveis feitos à mão são os únicos pertences de Adrivânia da Silva. Com poucas expectativas de um dia ter uma casa própria, Adrivânia mora com um filho de 2 anos e sobrevive com apenas R$ 130 mensais do Bolsa Família. Ela faz parte das 150 famílias que invadiram o local onde deveria ser instalado o Hotel Cabo Branco, no bairro do Altiplano, em João Pessoa, há 2 anos. “Agradeço a Deus por ter onde viver. Sei que tem quem viva em situação pior”, comentou.

De acordo com a Defesa Civil, o local foi abandonado há mais de 20 anos e no ano de 2013 diversas famílias começaram a ocupar as instalações do prédio abandonado. Apesar de parecer um refúgio para quem não tinha onde morar, o prédio não deveria ser habitado, conforme o coordenador da Defesa Civil de João Pessoa, Noé Estrela. Isso se deve ao fato da estrutura do local estar comprometida, com riscos iminentes de desabamento. Por conta disso, no início deste mês as famílias foram orientadas a saírem da parte interna do prédio, e elas passaram a ocupar os seus arredores.

“Eles ocuparam o local por mais de 2 anos, mas ele corre sérios riscos de desabamento. Houve uma dilatação da estrutura de ferro, comprometendo a estrutura, o que ocorreu devido ao abandono e à influência dos ventos marinhos que corroeram a estrutura. A edificação não tem nenhuma condição de habitação”, disse Noé, alertando que mesmo habitar nos arredores do local é arriscado. “Ainda tem famílias que estão dentro e mesmo ficar nos seus arredores é arriscado”, declarou.

Apesar do risco que é morar no local, Adrivânia e as demais famílias ali residentes não têm outra opção. Segundo ela, que falou à reportagem enquanto tirava o almoço do seu filho de dentro de um isopor que mantém a comida em condições de ser digerida, seu marido morreu dentro do presídio antes mesmo de registrar o seu filho e o pouco que tem mal dá para comer, quiçá sair do local. “Minha salvação é a minha mãe. Meu pai é pedreiro e ainda me ajuda”, disse. Sem água nem luz, Adrivânia faz o que pode para ter ao menos o mínimo de condições de vida.

“Eu pego água em um carrinho de mão na casa da minha mãe todos os dias, a comida também pego com ela, que também mora numa ocupação aqui perto, e deixo nesse isopor porque não tenho fogão nem geladeira. Banheiro, eu uso o do vizinho. Aqui tem muito mato e lixo, então tem todo tipo de bicho também. Apesar de ser difícil viver assim, eu tenho meu cantinho, que faço de tudo para cuidar, vivo em paz, e esse é meu lar”, disse, não descartando a existência de esperanças de melhorar as condições de vida.

Ela não é a única a viver nessa situação. Com oito meses de gravidez, a sua vizinha, Maria Livramento dos Santos, não queria que seu filho nascesse sob essas condições, contudo a esperança de um dia ter uma casa digna a fazem acreditar num futuro melhor. “Meu esposo é vigia e ganha só um salário mínimo. A metade é para pagar uma moto que a gente comprou e sobre R$ 300,00 para todos os gastos. Não temos mais como sair daqui para pagar aluguel. Graças a Deus que temos isso aqui”, comentou.

Muita gente ainda está construindo suas moradias. Com as estruturas de madeira em mãos, ontem foi o dia de Pedro Costa levantar a estrutura que irá ser o seu novo lar. Segundo ele, que está desempregado, a falta de condições financeiras o fez ter que ir morar no lugar, contudo ele também acredita que um dia poderá receber uma casa. “A gente sobrevive com o dinheiro de umas faxinas que minha mulher arruma. A gente faz o que pode, mas esperamos que isso, um dia, possa melhorar”, afirmou.

SEMHAB realiza cadastramento
Semana passada a Prefeitura Municipal de João Pessoa realizou uma ação no local para garantir que as famílias não deixassem a rua intransitável. Na oportunidade, de acordo com a secretária municipal de Habitação (Semhab), Socorro Gadelha, foi feito o cadastramento das famílias para que elas possam ter acesso às moradias populares. Atualmente, 16 mil famílias estão cadastradas junto à Semhab, à espera de uma moradia.

Apesar de compreender a urgência das famílias que ali residem, a secretária explicou que todas as pessoas que estão nessa lista vivem em situação de vulnerabilidade social. “Não podemos passá-las na frente de ninguém. Entregamos três mil casas recentemente e temos mais umas 10 mil para serem entregues até julho de 2016, um total de seis projetos em andamento. Em cada entrega haverá um processo de concorrência, do qual essas famílias irão participar. Não podemos dar um prazo para elas irem para as casas, mas estando na lista, elas serão contempladas”, assegurou.

Atualmente João Pessoa possui um total de 30 ocupações espalhadas pela cidade, de acordo com a secretária.

Imagem

Jornal da Paraíba

Tags

Comentários

Leia Também

  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
    compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp