Gritos durante a madrugada, rajadas de tiros, toque de recolher e clima de pânico entre os moradores do bairro Pedregal, em Campina Grande. Tudo isso está acontecendo após a morte do jovem Markson Devison Alves da Silva, 22 anos, que foi assassinado a tiros na noite do último domingo, no bairro do Monte Santo.
Segundo a Polícia Militar, o jovem é filho de um homem suspeito de tráfico de drogas no Pedregal que está realizando os tiroteios para vingar a morte do filho.
Na manhã da última segunda-feira, os moradores do bairro acordaram assustados com um tiroteio que começou por volta das 6h30. A população está apreensiva e em alguns muros do bairro estão pichados com mensagens pedindo paz. Algumas casas já estão com placas de venda.
“Foram várias rajadas de tiros e pelo barulho eu acredito que eram metralhadoras. Quando fui trabalhar pela manhã encontrei várias cápsulas de balas pelas ruas, sendo as principais na rua onde o jovem assassinado morava. Foram mais de 50 tiros”, disse um morador que pediu para não ser identificado. A reportagem do JORNAL DA PARÁIBA tentou conversar com outros moradores, mas eles se recusaram a falar sobre o que está acontecendo no bairro. Enquanto nossa equipe se aproximava, algumas pessoas entraram em suas casas assustadas.
Ainda na madrugada da última terça-feira, houve outro tiroteio, porém os disparos foram menores que os ocorridos na manhã anterior. No bairro do Pedregal há uma Unidade de Polícia Solidária (UPS), que faz a segurança no local. De acordo com o sargento Avanilson Cassiano, no momento em que houve o tiroteio na segunda-feira várias viaturas se deslocaram para o bairro, mas, quando chegaram ao local onde os tiros aconteceram, tudo já havia acabado e ninguém quis comentar o assunto.
Outro detalhe que tem preocupado é que foi criado no bairro um toque de recolher. Ao anoitecer, grande parte dos estabelecimentos comerciais estão fechando as portas e poucas pessoas ficam caminhando pelas ruas. A Unidade Básica de Saúde (UBS) do Pedregal, que costuma funcionar diariamente, ficou fechada durante os últimos dois dias porque, de acordo com a Secretaria de Saúde, a equipe estava assustada com a violência. O funcionamento do posto só foi normalizado na manhã de ontem e a polícia foi notificada sobre a situação pela secretaria.
Apesar dos tiroteios ocorridos esta semana e da situação relatada pelos moradores, o comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar (BPM), major Gilberto Felipe, disse que a situação está controlada no bairro que, além da UPS, tem o patrulhamento reforçado por outras equipes da Polícia Militar (PM).
Ainda conforme o comandante, ao receber denúncias dos confrontos ocorridos nos últimos dias, os policiais fizeram buscas no bairro, mas não foram localizadas armas ou suspeitos. “A polícia atua 24 horas no Pedregal. Não estou descrendo do que dizem os moradores, mas estamos fazendo operações na região e nada foi localizado”, esclareceu o major, acrescentando que, para a PM, o bairro vive “um clima de tranquilidade assistida pela polícia”.
PC JÁ IDENTIFICOU SUSPEITO DE MATAR JOVEM NO MONTE SANTO
Markson Devison Alves da Silva, 22 anos, foi assassinado na noite do último domingo, no bairro do Monte Santo. Ele foi ferido por quatro disparos de arma de fogo, enquanto participava de uma festa, por volta das 22h30. A vítima ainda foi socorrida para o Hospital de Trauma de Campina Grande, onde começou a receber atendimento médico, mas acabou não resistindo aos ferimentos.
Um dos tiros atingiu o pescoço e os outros três feriram o tórax do jovem. No dia seguinte à morte centenas de pessoas compareceram ao sepultamento de Markson Devison.
O crime está sendo investigado pelo delegado de Homicídios, Antônio Lopes. Ele informou que o suspeito do crime já foi identificado. “O suspeito é um adolescente, que mora no bairro do Jeremias. Vamos continuar a investigação para encontrá-lo e tomarmos as providências. Ainda não sabemos ao certo o motivo do crime, mas temos alguns relatos contundentes. Não podemos dar tantos detalhes, pois isso pode prejudicar a investigação”, disse o delegado.
DOMÍNIO DE GANGUES
O Pedregal é um bairro periférico de Campina Grande, que segundo a polícia tem forte influência no tráfico de drogas da cidade. O bairro é dominado e dividido por duas gangues, Peixeiros e Ratos, que brigam há décadas pelo tráfico no local.
Historicamente já foram registrados vários confrontos e crimes de homicídios relacionados aos conflitos entre os dois grupos. Os casos de ataques entre as gangues diminuíram após a instalação da UPS da Polícia Militar, em maio de 2013, mas a disputa ainda é intensa. (Especial para o JP)
