'Cafuçu' encerra prévias da capital

Fantasias inusitadas e comportamentos divertidamente grotescos diante das regras de etiqueta e das boas maneiras.

Essa era a impressão de quem foi ontem à noite ao bloco Cafuçu e passou pelo Ponto de Cem Réis, avenida Visconde de Pelotas e praças Rio Branco e Dom Adauto, em João Pessoa.

Esses espaços foram invadidos por uma multidão de desajeitados foliões, que encerraram as prévias carnavalescas da capital. Alguns sem dentes, outros com pentes enormes no bolso e todos sem a mínima harmonia nas vestes. Só no quesito alegria eles fizeram bonito.

A aposentada Eliana Gracioso é carioca, mas está radicada na Paraíba. Para ela, as prévias carnavalescas, em especial o bloco Cafuçu, são imperdíveis. “Acho que essa é a melhor festa que a Paraíba tem. Tudo aqui no Cafuçu é altamente descontraído, todo mundo vem para cá com espírito de brincadeira e não há violência”, ressaltou.

A também aposentada Cristina Fonseca é carioca e acompanhava a amiga Eliana Gracioso no bloco. “Anoiteço e amanheço pensando na produção (da fantasia) do Cafuçu. Quando a inspiração chega, executo”, relatou.

No Cafuçu, a fantasia também pode ser um espaço para críticas sociais. Com uma pasta de documentos na mão e vestido com um terno, o vigilante Ronaldo Rubens Silva se apresentou na festa como homem do mensalão. “Porque o mensalão é brega”, argumentou. “Todo ano estou aqui, vestido de cafuçu, sempre mudo o visual. Vim de mensalão para representar os espertos de Brasília”, alfinetou.

A noite 'chique' também teve espaço para homenagens. Foi o que a cabeleireira e costureira Maria José Nunes resolveu fazer, homenageando as avós, com uma fantasia muito irreverente.

“Passo o ano todinho bolando a fantasia. E na hora de me vestir para vir para cá escolho uma das que bolei. Tenho 57 anos e adoro Carnaval, dançar, me fantasiar e aparecer”, brincou.