VIDA URBANA
Cinco maiores açudes da Paraíba acumulam menor volume dos últimos cinco anos
Pior situação é o de Boqueirão, que está com apenas 4,4% de sua capacidade total atualmente.
Publicado em 24/01/2017 às 14:13
A estiagem vem castigando a população paraibana e deixando marcas nos maiores reservatórios de água do Estado. Com base no levantamento feito pelo JORNAL DA PARAÍBA nos dados da Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa), a capacidade dos cinco maiores açudes é o menor registrado nos últimos cinco anos. O Coremas/Mãe D'Água, maior manancial da Paraíba, com capacidade para 567,9 milhões de metros cúbicos, passou de 45,4% em janeiro de 2012 para 4,9% neste ano.
O pescador Francisco Silveira afirmou que nunca viu o açude em um nível tão baixo. “Do jeito que está vamos chegar em 2018 sem água”, ressaltou. Coremas é o maior reservatório de água do estado e forma o complexo Coremas Mãe D'água, que abastece cerca de 300 mil pessoas na Paraíba. Os dados foram coletados hoje (24), e para comparação com anos anteriores foram usados o volume e a porcentagem registrados no mesmo mês desde 2012.
A situação também é semelhante em outros três grandes açudes do Estado como o Epitácio Pessoa, mais conhecido como Boqueirão, que abastece Campina Grande e mais 18 cidades. Em 2012, o manancial estava com 88,8% de sua capacidade, chegando a 4,4% atualmente. Já o reservatório de Acauã está com 7,2% do volume total, enquanto em 2012 estava com 75,5%.
No Sertão, o açude Engenheiros Ávidos, em Cajazeiras, encontra-se com 5,1% e estava com 34% em 2012. O manancial de Sousa, São Gonçalo, foi o que apresentou uma situação melhor. Em 2012 o reservatório estava com 44,6%, a situação vinha piorando ao longo dos anos, chegando a 2,9% no ano passado, mas atualmente o açude está com 27,4% devido a grandes chuvas na região.
Em todo o Estado são 101 açudes com menos de 20% de seu volume total. Apenas 26 reservatórios têm capacidade armazenada superior a 20% do seu volume.
O engenheiro e especialista em Recursos Hídricos, Isnaldo Cândido, reforça a ideia de que é preciso fazer a conservação dos açudes. “Os mananciais possuem um ciclo natural de perder e ganhar volume. Como estamos em uma estiagem severa, é comum que muitos reservatórios sequem, mas não é por isso que eles devem ser abandonados. Seria prudente fazer uma dragagem na área, limpar a vegetação, fortalecer o barramento, para que este reservatório esteja apto a receber água novamente. É como uma conservação”, enfatizou o especialista.
EVOLUÇÃO DA SITUAÇÃO DOS AÇUDES
Coremas/Mãe D'água (Coremas)
CAPACIDADE: 567,9 milhões de metros cúbicos
BACIA: Piancó
2012: 45,4%
2013: 36,3%
2014: 29,3%
2015: 20%
2016: 14,1%
2017: 4,9%
Epitácio Pessoa (Boqueirão)
CAPACIDADE: 411,6 milhões de metros cúbicos
BACIA: Região do Alto Curso do Rio Paraíba
2012: 88,8%
2013: 58,3%
2014: 35,2%
2015: 21,6%
2016: 11,9%
2017: 4,4%
Engenheiros Ávidos (Cajazerias)
CAPACIDADE: 255 milhões de metros cúbicos
BACIA: Região do Alto Curso do Rio Piranhas
2012: 34%
2013: 16,3%
2014: 11,7%
2015: 9,6%
2016: 6,4%
2017: 5,1%
Acauã (Itatuba)
CAPACIDADE: 253 milhões de metros cúbicos
BACIA: Região do Médio Curso do Rio Paraíba
2012: 75,5%
2013: 42,2%
2014: 31,7%
2015: 20,6%
2016: 13,1%
2017: 7,1%
São Gonçalo (Sousa)
CAPACIDADE: 411,6 milhões de metros cúbicos
BACIA: Região do Alto Curso do Rio Paraíba
2012: 44,6%
2013: 22,9%
2014: 17,8%
2015: 9,3%
2016: 2,9%
2017: 27,4%
FONTE: Aesa
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