Desabrigados ocupam prédios abandonados

Estimativas da Seds mostram que pelo menos 79 famílias vivem atualmente em prédios abandonados ou em barracos na capital.

Em João Pessoa, pelo menos 79 famílias vivem atualmente em prédios abandonados ou em barracos construídos em terrenos invadidos, segundo estimativa da Secretaria de Desenvolvimento Social do Município (Sedes). Como cada família possui, em média, quatro membros, isso significa que há, no mínimo, 316 pessoenses em situação precária de moradia.

A maioria deles ficou desabrigada pela chuva, está desempregada e sem condições de pagar aluguel. Segundo a assistente social Mônica Sérgio de Aquino Macedo, do Setor de Trabalho Social da Sedes, as ocupações irregulares já foram registradas nos bairros do Altiplano, no Centro e no Conjunto 13 de Maio. No Altiplano, há famílias vivendo em um terreno e outras 16 habitando as ruínas de um prédio abandonado, que seria transformado em um hotel de luxo.

No 13 de Maio, outras 43 famílias de desabrigados estão vivendo na Escola Estadual Maria Quitéria, que já está sem funcionar há mais de três anos e chegou até a ser incendiada por vândalos em março deste ano. Já no Centro, a ocupação está ocorrendo no imóvel onde funcionava o antigo Ipase (Instituto de Pensões e Assistência dos Servidores do Estado), que foi extinto em 1977.

No prédio do antigo Ipase, ocorre a ocupação irregular mais longa de João Pessoa. Já faz mais de 5 anos que dezenas de famílias dividem o mesmo espaço com lixo, esgoto a céu aberto, ratos e insetos. Segundo a dona de casa Vanessa de Freire, que tem 19 anos e que vive no lugar desde os 14, atualmente, o prédio abriga cerca de 20 famílias, mas já chegou a ser moradia de 50.

“Moro aqui há cinco anos e, quando cheguei, havia moradores nos cinco andares do prédio. Agora, só há em dois. Muitas pessoas saíram daqui porque não aguentaram mais viver nessas condições. Aqui é muito sofrimento”, lamenta.

Abandonado há mais de 30 anos, o prédio apresenta fissuras, rachaduras e infiltrações em todas as partes. A única escada que serve de acesso para os andares mais altos não tem corrimão e está com degraus quebrados. O prédio também não tem portas e nem janelas e os moradores usaram pedaços de ripas e caibros para fechar as entradas.

As ligações elétricas são clandestinas e há apenas uma torneira que abastece os moradores, o que obriga as pessoas a usarem baldes para levar água para dentro dos cômodos ocupados. Por conta do lixo e da falta de higiene sanitária, o local possui um mau cheiro que chega a causar mal-estar entre aqueles que não são acostumados a viver no ambiente.

Os moradores também lamentam pela falta de segurança. Sem se identificar, uma pessoa que vive no local revelou que os últimos andares do prédio são frequentados por usuários de drogas. Em abril deste ano, até o corpo um homem foi encontrado no local.