Diabetes causa 1,1 mil internações este ano

Nos últimos dez anos foram 28.995 internações provocadas pela diabetes.

Há 17 anos, Carmem Lúcia da Silva descobriu que sofria de diabetes. Por falta de orientações para controlar a doença, ela desenvolveu problemas renais que a levaram ao hospital. Assim como a dona de casa, nos primeiros cinco meses deste ano, 1.121 pessoas foram hospitalizadas na Paraíba em decorrência de complicações diabéticas, segundo dados do Ministério da Saúde.

Embora o número de internos, considerando o mesmo período do ano passado , tenha sido maior (1.129 casos) se comparado aos casos de 2013, até o último mês de maio 64.255 pacientes diagnosticados com diabetes no Estado estão recebendo acompanhamento. João Pessoa e Campina Grande concentram o maior número de pacientes e também de internações. Até maio deste ano foram registradas 161 internações na capital e 124 em Campina Grande.

Nos últimos dez anos (1992 a 2012), foram 28.995 internações provocadas pela diabetes. Além de complicações renais, como os sofridos por dona Carmem, quem é diabético pode adquirir ainda problemas cardíacos, neurológicos e de visão. Segundo o endocrinologista do Hospital Universitário Lauro Wanderley da capital,  Fabyan Brandão, a diabetes é uma doença multi sistêmica e as complicações podem ocorrer devido à falta de controle da glicemia.

“A diabetes é a maior causa hoje no mundo da perda da visão, que podem gerar lesões irreversíveis. Quando não tratada corretamente, a doença pode destruir as células do coração, causando infartos, e deteriorar vários outros órgãos, como os rins”, explicou o médico.

O médico acrescenta ainda que as mulheres e as pessoas obesas são as vítimas mais frequentes do diabetes. Além disto, o fato genético também está ligado ao surgimento do problema. “Minha mãe era diabética, mas não tratava a doença. Ela teve problemas cardíacos e morreu por conta disso. Como estou fazendo o tratamento direito, posso evitar outros problemas”, disse Carmem Lúcia.

Os dados do Ministério da Saúde não discriminam o sexo dos portadores, mas os especialistas apontam as mulheres como as vítimas mais frequentes da doença. No entanto, segundo Fabyan Brandão, são elas que seguem o tratamento à risca e apresentam resultados mais satisfatórios. No caso dos homens, o risco para o aparecimento da diabetes está associado à obesidade e problemas de hipertensão.
Aos 68 anos, o aposentado Manoel Borges descobriu somente há dois anos que é diabético. Mesmo com os riscos da doença, ele conta que toma apenas a medicação, mas não conseguiu mudar os hábitos alimentares e vez por outra sofre com hipertensão.

“Eu só tomo os remédios, mas parece que não está mais fazendo efeito. Como de tudo e bebo também. Mesmo com a doença, nunca senti nada, mas já fui ao hospital por causa da pressão alta”, disse o aposentado.
De acordo com endocrinologista, a maior parte dos pacientes que fazem diálises (cerca de 60%) e dos hipertensos desenvolveram esses problemas em consequência da diabetes.

PREDISPOSIÇÃO FAMILIAR

Casos de parentes diabéticos na família podem ser uma predisposição ao surgimento da diabetes. Para amenizar as chances de ser portador da doença no futuro, a prevenção deve começar ainda na juventude.

De acordo com o endocrinologista Fabyan Brandão, exames que verificam as taxas de colesterol, gorduras, glicemia e ginecológicos, no caso das mulheres, podem indicar a possibilidade do paciente ser, no futuro, diabético.

“A diabetes do tipo dois é uma pandemia e piora com o envelhecimento. Além do fator genético, as pessoas que têm gordura no fígado, triglicerídio baixo e colesterol (HDL) alto, são resultados que podem levar à diabetes no futuro. No caso das mulheres, o ovário policístico também é um fator de risco”, completa o endocrinologista.

Ainda de acordo com o médico, o cuidado antecipado com o controle das taxas pode inibir o desenvolvimento da doença. Aliado a isto, estão a mudança nos hábitos alimentares e da qualidade de vida, como a prática de exercícios físicos.