Direção do hospital de Patos muda

Nomeação da enfermeira Hígia Maria Trigueiro Lucena como nova diretora geral foi publicada na quinta-feira (22), no Diário Oficial do Estado.

O Hospital Regional Janduhy Carneiro, em Patos, no Sertão paraibano, mudou mais uma vez de direção. É a terceira mudança somente este ano, mas o atendimento continua precário, com superlotação, déficit de profissionais e estrutura caótica, conforme dados do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) e relatos da população usuária dos serviços, que é quem mais sofre com a situação.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) anunciou algumas melhorias na instituição, mas não divulgou o valor a ser investido.

A nomeação da enfermeira Hígia Maria Trigueiro Lucena como nova diretora geral da unidade hospitalar foi publicada na última quinta-feira, no Diário Oficial do Estado. Ela substitui o então diretor da instituição, Adilson Albuquerque, que substituiu a ex-diretora Silvia Ximenes, exonerada do cargo em janeiro.

Já a diretoria administrativa do hospital fica a cargo de Liliane Abrantes, que ocupava a chefia do Núcleo de Auditoria em Saúde da 6ª Gerência Regional de Saúde.

A nova mudança na direção não foi recebida com otimismo pela população. Para o vice-presidente do Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Patos, Luciano Dias, os problemas do HRP não serão resolvidos se não houver investimento financeiro urgente na unidade.

“Mudou a direção, mas continuou o principal, faltam recursos, falta estrutura, falta equipe. São seis vagas na área vermelha e seis vagas na UTI, para um hospital que atende uma média de 400 mil pacientes, já que polariza dezenas de cidades da região. No meu ponto de vista, como conselheiro, como usuário do sistema, os problemas vêm desde gestões anteriores, por conta da não autonomia do hospital. É preciso fazer investimentos”, enfatizou.

O gerente de loja Marley Dias, 23, relatou um exemplo do mau atendimento na unidade decorrente dos problemas no hospital. “Um amigo teve que ser transferido para Campina Grande, distante da cidade, porque não tinha médico no Regional. A situação é difícil, a população já sofre há bastante tempo”, contou.

A história da comerciária Maria da Guia Alves, 44 anos, é mais triste e ratifica como os problemas são antigos.

“Há cerca de nove anos, meu esposo sofreu um acidente de moto e foi encaminhado para o Regional, precisava fazer uma cirurgia urgente, mas o médico de plantão… Eu repito, o médico de plantão, estava em Campina Grande. Demorou mais de quatro horas para ele ser operado. Ele sofreu uma hemorragia interna e faleceu. Talvez se houvesse médicos na hora, no início pra evitar a hemorragia, ele não tivesse morrido. A situação no hospital ainda é muito precária, em todos os sentidos, é um descaso muito grande”, lamentou.

PROBLEMAS NA UNIDADE SÃO RECORRENTES

Inspecionado novamente no último dia 21 de fevereiro pelo diretor do Departamento de Fiscalização do CRM-PB, Eurípedes Mendonça, o HRC apresentava os mesmos problemas encontrados em fiscalizações anteriores. Conforme o relatório, a Área Vermelha, que está sempre superlotada, não tem estrutura. Faltam médicos, as enfermarias estão sem ar-condicionado, não tem roupa hospitalar e existem vários outros problemas estruturais.

Ele detalhou que faltam profissionais nas áreas de cirurgia plástica, neurologia, cirurgia vascular, endoscopia, urologia, otorrinolaringologia e radiologia. "Um dado importante apresentado foi o andamento rápido das cirurgias ortopédicas, o que foi comprovado pelo departamento de fiscalização durante a vistoria na unidade. Não havia nenhum paciente aguardando cirurgia acima de três dias. A grande maioria já tinha sido operada. Cerca de um terço das pendências foram solucionadas, mas continuam os problemas na UTI e em outros setores", disse.

Como resposta às cobranças do órgão, a SES divulgou, através da assessoria de imprensa, algumas medidas que devem ser efetivadas para melhorar a situação do hospital. Segundo as informações, a partir das constatações feitas durante as inspeções do CRM, será realizada a reforma de pontos estruturantes e pintura de todo hospital, a ampliação e construção de bloco cirúrgico, que passará de quatro para seis salas, além da ampliação dos leitos de UTI, que passará de seis para 20.