Estudante desenvolve técnica anestésica

Residente de anestesia desenvolveu técnica onde apenas um lado do corpo fica sob efeito anestésico durante procedimento cirúrgico.

Pacientes que sofrem de hérnia inguinal (localizada na virilha) não terão mais riscos de hipotensão (pressão baixa) após cirurgia, graças a uma técnica desenvolvida pela residente de Anestesia, Thaís Bezerra, onde apenas metade do corpo apresenta efeito do anestésico.

O procedimento foi apresentado em solenidade no Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, na capital, e faz parte dos trabalhos de conclusão da especialidade desenvolvida pela Secretaria de Estado de Saúde (SES).

As inguinais ocorrem na região da virilha e correspondem a 75% de todas as hérnias abdominais. Este tipo de hérnia é 25 vezes mais comum em homens do que em mulheres. O tratamento das hérnias inguinais é cirúrgico. “Este tipo de anestesia beneficia principalmente os hipertensos e diabéticos, pois eles não podem sofrer uma hipotensão no ato anestésico devido às suas patologias”, lembrou Thaís Bezerra.

Para desenvolver a técnica, a estudante se utilizou de um grupo de pacientes com idade superior a 18 anos que precisaram ser submetidos à cirurgia para retirada da hérnia inguinal num hospital afiliado da rede SUS e foram selecionados por um período de sete meses no ano passado. Além da vantagem de não sofrer a hipotensão, os pacientes voltam a mexer um dos membros inferiores de maneira mais rápida do que a anestesia convencional.

Segundo Thaís, a equipe de cirurgiões também se beneficia por conta do relaxamento muscular que a técnica proporciona. “A técnica consiste em posicionar o paciente deitado de forma lateral na hora da raquianestesia, onde é utilizada metade da dose rotineira de anestésico local”, explicou.

Ao falar sobre a conclusão da especialidade, ela destacou a importância da residência no Hospital de Trauma-JP. “Agora planejo entrar no mercado de trabalho no interior da Paraíba que é mais carente de profissionais. A residência me preparou muito bem e não deixou a desejar em nenhuma parte da especialidade”.

Além do trabalho ‘Raquianestesia Unilateral para Herniorrafia Inguinal’, da estudante Thaís Bezerra, também foram apresentados mais três trabalhos acadêmicos da residência de Anestesia no Hospital de Trauma: Avaliação do Tempo de Jejum Pré-Operatório e seu Impacto no Grau de Desconforto do Paciente, de autoria do estudante Diego Nóbrega; Avaliação da Eficácia Analgésica Somática e Neuropática de Dextrocetamina em Bloqueios Duplexos Braqueal, por Juliano Teles, e Comparação entre Anestesia Geral e Raquianestesia para Colecistectomia Aberta, por Pâmela Valyssa Pacheco.

Para o coordenador do Programa de Residências Médicas, Gualter Ramalho, os trabalhos atingiram um nível excelente e serão submetidos à premiação pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA).

“Temos a convicção que até o final do ano, a residência de Anestesia, sediada no Hospital de Trauma de João Pessoa, deverá figurar no ranking das 10 melhores do País, entre os 98 Centros de Ensino e Treinamento (CETs)”, destacou. Ele lembrou que a residência passou a ocupar a 25ª posição no ano passado, levando a ser agraciada em dezembro com o título de menção honrosa pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC).