Fundac atualiza números da rebelião no Lar do Garoto e diz que cinco internos estão foragidos

Rebelião ocorrida no sábado (3) terminou com sete mortos. Motim destruiu parte da estrutura da unidade.

A Fundação de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente Alice de Almeida (Fundac) atualizou nesta segunda-feira (5) o número de foragidos na rebelião que terminou com a morte de sete internos no Lar do Garoto, no sábado (3). De acordo com o presidente da entidade, Noaldo Meireles, seis internos fugiram da unidade, sendo que um deles já foi recapturado.

O número foi confirmado após uma recontagem nominal feita no domingo (4) com os internos nos quartos. Inicialmente, a direção do Lar do Garoto havia divulgado que 17 internos haviam fugido, mas o número era baseado em uma contagem prévia, com os internos ainda no pátio, logo depois da rebelião.

“Eles ‘estouraram’ um dos quartos, e foram estourando outros, e libertando outros internos, e na ação dos agentes para evitar que os internos que subiram para o telhado da unidade chegassem ao muro, alguns se aproveitaram para atacar outros internos”, explicou o diretor.

Três dos quatro suspeitos de coordenarem e executarem a rebelião e mortes foram autuados em flagrante e transferidos para o presídio do Serrotão, por terem mais de 18 anos. “Na contagem que foi feita no sábado, ficaram faltando 17 internos, mas na recontagem do domingo, feita nominalmente com os internos nos quartos, obtivemos o número oficial de seis fugitivos”, afirmou Noaldo. Um dos fugitivos também tem participação nas mortes.

Agentes da unidade e servidores da Fundac levantaram informações com os internos de que o motim começou a partir de uma tentativa de fuga. Durante a rebelião, parte dos que iniciaram o motim se aproveitaram para atacar e matar outros internos. “As mortes foram motivadas por desavenças entre alguns internos, principalmente por rixas na convivência na unidade, mas em alguns casos em particular, por questões pessoais que ocorreram fora do Lar do Garoto, antes de serem internados”, comentou Noaldo Belo.

A rebelião resultou na destruição dos ferrolhos, nas grades, na alvenaria dos quartos, além de afetar o abastecimento de água e o fornecimento de energia elétrica. Os trabalhos de reparos no Lar do Garoto foram iniciados ainda no sábado, logo após o tumulto ser contido. Até o início da manhã desta segunda-feira (4) cerca de 80% do dano causado pelo motim havia sido reparado.

“Consertamos as grades e os ferrolhos e no domingo conseguimos a religação da água e da energia elétrica. Falta apenas uns consertos na parte de alvenaria de alguns dos quartos, e como precisa de um tempo para que o cimento seque. Então acreditamos que na terça-feira (6), tudo esteja devidamente reparado sem precisar remanejar ou transferir nenhum dos internos”, destacou Noaldo.

Os autores do massacre

De acordo com a Polícia Civil, os suspeitos das mortes estavam no Lar do Garoto por crimes que tinham cometido quando ainda eram menores. Conforme o delegado Antônio Lopes, depoimentos ajudaram identificar a autoria das mortes."Vamos fazer outros levantamentos, não descartamos a participação de outras pessoas, mas as testemunhas que nós ouvimos relataram a participação destes quatro", afirmou, acrescentando que os suspeitos negaram o crime. "As testemunhas foram bastante seguras e deram detalhes de como tudo aconteceu", frisou, detalhando que algumas foram agredidas e feitas de reféns.

A polícia ressaltou que a fuga em massa ocorreu por volta das 2h30 e que, após a ocorrência, grupos rivais começaram a brigar dentro da unidade. Os internos atearam fogo em colchões e móveis. Na rebelião, cinco jovens foram mortos carbonizados e outros dois foram mortos no pátio da instituição, após serem agredidos dentro das celas.

Segundo a delegada Ellen Maria, também responsável pelas investigações, um dos grupo priorizou matar os rivais antes de fugir. "Só que não deu tempo porque a polícia chegou no local e evitou uma fuga maior", comentou.