VIDA URBANA
Homens já morrem mais de câncer do que mulheres na Paraíba
Entre 2013 e 17 de agosto deste ano, 9.185 pessoas morreram no Estado por conta da doença, e destes, 4.712 eram homens. Só em 2015 foram 2.084 mortes.
Publicado em 01/09/2015 às 7:39
Há pouco mais de um mês, a família de José Francisco Gonçalo foi abalada pela notícia do seu óbito. Afetado por um câncer no estômago aos 64 anos de idade, depois que ficou doente, o paciente teve pouco tempo restante de vida. Seu Francisco é mais um na estatística de óbitos por câncer na Paraíba, doença que acomete e mata mais homens que mulheres. De 2013 até o último dia 17 de agosto, 9.185 pessoas morreram no Estado por conta da doença, e destes, 4.712 eram homens, 239 casos a mais que mulheres. Em 2015, o número de óbitos já chega a 2.084 no total. Os números são da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) estima que os homens têm 77% mais chances de desenvolver câncer do que as mulheres e que a probabilidade de um homem morrer de câncer é 85% maior do que entre as mulheres. São também os homens que carregam o estigma de não cuidar da saúde, indo menos ao médico e adiando sintomas que depois terminam em prejuízos irreparáveis, como a morte. É isso que explica, em parte, essa tendência, relatou a especialista Lisiane Nóbrega, oncologista clínica do Hospital Napoleão Laureano e do Centro Paraibano de Oncologia.
“Muitos fatores implicam para que haja esse destaque, como a dificuldade no acesso à saúde e a demora na realização de exames, o que termina em diagnósticos tardios e, por isso, em tratamentos paliativos ao invés de curativos. O que acontece com os homens é que eles têm ainda um certo preconceito em ir a determinados médicos, diferente da mulher, que geralmente procura mais o serviço de saúde, o que pode resultar no avanço da doença”, avaliou a oncologista. No entanto, segundo a especialista, a realidade pode ser ainda pior, já que esses números estão mascarados pela subnotificação.
Do total de óbitos que acometeram o sexo masculino na Paraíba, a maior incidência foi de câncer de próstata, responsável por 746 óbitos nesse período, a neoplasia é também a mais comum em homens acima dos 60 anos. O principal fator que leva a essa estimativa de óbitos, segundo a oncologista é o diagnóstico tardio. “O rastreio de câncer de próstata não é uma indicação absoluta, pois leva em consideração a idade, dentre outros aspectos, mas mesmo quando essa é a indicação, há a resistência dos homens em procurar o médico. Quando o paciente é, de fato, levado ao atendimento, a doença já está em estágio avançado”, explicou.
O câncer que representa a maior causa de mortes no Estado nos últimos 3 anos, incluindo homens e mulheres, a neoplasia de pulmão e brônquios, está em segundo lugar entre os que mais matam os homens, sendo responsável por 535 óbitos, e conforme a oncologista, está associada ao tabagismo, refletindo o alto índice de fumantes no Estado. “O fator de risco determinante para o câncer de pulmão e vias aéreas é o tabagismo. É importante salientar também que isso é uma tendência que cresce bastante em relação às mulheres. É uma doença bastante agressiva e a maioria dos pacientes apresentam o caso avançado”, frisou.
O câncer de estômago, responsável pela morte de seu Francisco Gonçalo, que citamos no início do texto, vitimou 476 pessoas de 2013 até agora e foi a terceira maior causa da morte entre homens no Estado. Fumo, bebida, alimentação incorreta, com déficit de nutrientes e falta de exercícios são hábitos que influenciam para o aparecimento do problema, explicou a oncologista Lisiane Nóbrega. Já o câncer de fígado, associado ao alcoolismo, foi a causa da morte de 273 homens, seguido do câncer de encéfalo, neoplasia que atinge o cérebro e já levou 200 homens à morte.
No caso das mulheres, mesmo mais atentas com relação à saúde, 4.473 chegaram à morte vítimas de câncer no período citado. A de maior incidência foi de câncer de mama, responsável por 587 casos. O câncer de colo do útero, também com alta incidência de morte, ficou em terceiro lugar em número de mortes, atrás apenas da neoplasia de brônquios e pulmão. Os cânceres de estômago e fígado também levaram muitas mulheres à morte, as neoplasias somam, juntas, 526 vítimas.
O diagnóstico precoce, com a realização de exames e a ida regular ao médico, enfatizou a oncologista, podem fazer a diferença no tratamento de um paciente que seja diagnosticado com câncer.
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