MP detecta mais um caso de KPC no Ortotrauma; secretaria investiga

Inspeção do Ministério Público no Ortotrauma detectou um caso de KPC na UTI. Secretaria explicou que paciente está em investigação.

Da Redação

Mais um caso de contaminação pela Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC), a superbactéria, foi detectada no Complexo Hospitalar Governador Tarcísio Burity, o Ortotrauma, em Mangabeira, na Capital. A descoberta da ocorrência veio de uma inspeção do Ministério Público no hospital, na manhã desta quarta-feira (17).

A paciente é uma senhora de 63 anos que está isolada na UTI há 67 dias. No fim desta manhã, no entanto, a Secretaria de Saúde de João Pessoa emitiu uma nota de esclarecimento à imprensa afirmando que, depois da morte de uma idosa na última terça-feira, houve um rastreamento nos pacientes que estavam na UTI e todos apresentaram resultados negativos.

Em contato com a assessoria da Secretaria, a reportagem foi informada que a contaminação pela superbactéria ainda não foi confirmada e que o caso ainda está em investigação. Eles confirmaram, no entanto, que a paciente está isolada na UTI. O Ministério Público afirmou, ainda, que mais outros três pacientes estão internos na UTI, mas não têm a doença.

A infectologista do hospital Samaritano, Helena Germóglio, confirmou que nesta unidade hospitalar também está internada uma paciente de 68 anos contaminada pela KPC. "Ela está internada há quase três meses e só agora contraiu a bactéria. Esses casos são comuns nos hospitais", explicou.

A filha da paciente disse que houve negligência médica. "Tenho certeza que ela foi contaminada por um catéter que estava sujo. Eles só vieram dar máscaras e batas a partir de sexta. Vamos entrar na Justiça porque eles também deixaram minha mãe cair no chão", lamentou a filha da paciente. A Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba ainda não divulgou um balanço oficial sobre os casos.

Na nota de esclarecimento sobre a morte da senhora de 78 anos, contaminada pela KPC, a Secretaria esclareceu o que aconteceu no hospital e se solidarizou com os familiares da paciente.

Veja a nota na íntegra:

“Diante do caso notificado pela imprensa da paciente Lenira Azevêdo Maia, de 78 anos, a Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa declara que lamenta o ocorrido e esclarece que se tratava de uma paciente portadora de doenças de base – insuficiência cardíaca congestiva (ICC), hipertensão e coronariopatia – que vinha sendo assistida pelo Hospital Governador Tarcísio Burity (Ortotrauma), desde o dia 24 de abril de 2011, decorrente de uma fratura infectada de fêmur.

Para que fosse realizada a cirurgia de artroplastia total de quadril para mudança da prótese em processo de rejeição, seria necessária a aquisição de uma prótese especial de titânio. Todas as providências cabíveis para acolhimento e tratamento da paciente foram tomadas, inclusive a aquisição da prótese.

Após a cirurgia, que aconteceu no dia 15 de julho, a paciente foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e medicada com antimicrobianos (antibióticos), além do acompanhamento direto de uma equipe médica composta por cardiologista, ortopedista, geriatra, intensivista, infectologista e clínico geral.

Após exames laboratoriais de rotina, a Comissão de Controle Hospitalar do Ortotrauma detectou no dia 11 de agosto, conforme resultado do exame microbiológico, uma "enterobactéria possivelmente produtora da Carbapenemase (KPC)” na paciente.

O Ortotrauma já tem como rotina no controle de infecção hospitalar o desenvolvimento de ações como o uso de antimicrobiano específico, instituição de isolamento de contato, limpeza terminal dos leitos, restrição das visitas na UTI e reiteração da importância da higienização das mãos. Além disso, o hospital realizou rastreamento da referida bactéria dos outros pacientes que se encontravam na UTI e todos apresentaram resultados negativos.

A Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa se solidariza com os familiares da paciente.”

Superlotação

A inspeção do MP também detectou supelotação na unidade hospitalar, que tem 120 leitos e 20 pacientes em macas esperando serem transferidos para esses leitos. A direção do Ortotrauma, no entanto, informou que, em setembro, mais 30 leitos e mais duas salas de bloco cirúrgico serão providenciados, o que deverá resolver o problema da superlotação.