Para Gustavo Carletto, delegado da Infância e Juventude maior fator é desestrutura familiar

Nunca cheguei a fazer uma análise sobre essa relação apontada pelo estudo da UFPB. O que mais observo é a desestrutura familiar desses adolescentes. Com base em minha experiência diária na delegacia, posso afirmar que geralmente esses meninos têm pais separados, a mãe trabalha fora e eles ficam ‘livres’ durante o dia. É quando surgem as más companhias. Essa questão da punição corporal não parece ter uma relação direta. Os adolescentes, infelizmente, não têm referência familiar e são facilmente influenciados. A gente percebe que tem algo muito errado nesse processo. O índice de reincidência, por exemplo, chega a 50%. A natureza dos atos infracionais também tem mudado nesses últimos anos, passando de furto para homicídios, tráfico de drogas e latrocínios. Outro ponto que também chama a atenção é o alto número de adolescentes armados, Eles, agora mais que nunca, estão tendo acesso a armas. A delegacia do adolescente é a que mais apreendeu armas nos últimos meses, o que acaba sendo contraditório.