Polícia desarticula grupo que aplicava golpes na PB de dentro de presídios em Goiás

Foram cumpridos mais de doze mandados de prisão; chamadas telefônicas eram feitas por quatro detentos.

A Polícia Civil desarticulou nesta quarta-feira (8) um grupo suspeito de efetuar ligações aleatórias de dentro do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia (GO), aplicando golpes na Paraíba. Além do estado, a quadrilha também fez vítimas  em Pernambuco, Pará, Ceará e São Paulo.

Segundo a Polícia Civil de Goiás, foram cumpridos dozes mandados de prisão. A investigação identificou que quatro detentos faziam as ligações. Conforme informações da delegada Mayana Rezende, da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), na maioria dos casos, eles pediam dinheiro para consertar um suposto carro com defeito. A quadrilha pode ter faturado mais de R$ 50 mil com o golpe.

Ainda de acordo com a delegada, o golpe é conhecido popularmente como ‘bença, tia’, que é a saudação que o detento usa no início da ligação.  "Neste momento, a vítima já entrega e diz ‘é o fulano?’. A partir do nome revelado, o preso já começa a história, falando que está com um determinado problema e precisa urgentemente que ela deposite um dinheiro pra ele. A pessoa cai no golpe, e faz o depósito", explicou a delegada.

Golpe 'bença, tia' era aplicado de dentro do Complexo Prisional, em Aparecida de Goiânia, Goiás (Foto: Murillo Velasco/G1)As prisões aconteceram em várias cidades da Grande Goiânia. Além de Goiânia, também houve em Aparecida de Goiânia, Inhumas e Trindade. A maioria das pessoas presas nesta operação estavam envolvidas com a compra e venda de contas bancárias para aplicação do golpe.

"Os criminosos ligavam de dentro da cadeia. Aqui de fora, um agenciador, irmão de um dos detentos, procurava contas bancárias para comprar. Estas pessoas vendiam suas contas para que as vítimas depositassem o dinheiro do golpe. Todos foram identificados e presos nesta operação", contou Mayana.

Para a delegada, a maior dificuldade em crimes como este é a falta de registros de ocorrência. Mayana Rezende afirma que, pelo dinamismo do crime, a polícia tem problemas em indentificar todos os envolvidos. Os presos nesta operação vão responder por estelionato e associação criminosa.

"As vítimas geralmente tem vergonha de dizerem que caíram no golpe. Mas nós precisamos que todos registrem, para que a gente identifique mais criminosos. Porque sabemos que está é apenas uma ponta de um esquema muito grande. Outra questão é que na maioria das vezes as vítimas são pessoas de outro estado, até a polícia goiana tomar conhecimento, os presos já mudaram de número", salientou.

Nota da Secretaria de Segurança

Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP), de Goiás, informou que "as forças policiais goianas trabalham de forma integrada para coibir e inibir todas as modalidades criminais registradas no estado".

A secretaria afirmou ainda que "realiza rotineiramente operações nas unidades prisionais para apreender objetos que entram ilegalmente nos locais" e que "está investindo fortemente em tecnologia e equipamentos para conter ilicitudes como a entrada de aparelhos de telefone celular e bloqueadores de sinal para os mesmos".