Presos da penitenciária Padrão deixam celas e iniciam reforma no prédio do TRE

Eles trabalham durante o dia e depois voltam para o presídio. O trabalho é acompanhada por agentes penitenciários.

As mãos que em algum momento da vida foram usadas para praticar crimes agora aprenderam novas atividades fundamentais para um recomeço. São várias histórias e motivos que os fizeram chegar até ali, mas a saudade de casa e a vontade de ter uma nova vida fora do presídio são os maiores incentivos para acreditar que é possível começar de novo. Depois de alguns meses de cursos técnicos para pedreiro, 20 presos da Penitenciária Regional Padrão, em Campina Grande, iniciaram a reforma do prédio do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) da cidade nesta quarta-feira (11). Eles trabalham durante o dia e ficam recolhidos na unidade prisional à noite. A reforma é acompanhada por agentes penitenciários em forma de custódia. 

A ideia foi sugerida pelo juiz da Vara de Execuções Penais de Campina Grande, Gustavo Lira, junto ao TRE, e a direção do presídio, com base no projeto do Conselho Nacional Justiça (CNJ) ‘Começar de novo’. Para se enquadrar no projeto é necessário que o preso tenha bom comportamento no presídio e faça um curso profissionalizante. “Essas atividades também servem para desmistificar a visão da sociedade de que todos os presos são pessoas de alta periculosidade e que não merecem confiança quando voltam à liberdade. Quando eles saírem do presídio, podem seguir uma profissão”, destacou o juiz Gustavo Lira.
 
Nesta reforma do TRE foram escolhidos 20 apenados, divididos em quatro grupos de cinco. Cada grupo trabalha um dia. Um dos presos que está na obra é Tiago Bezerra da Silva, 28 anos. Ele é de Campina Grande e contou que está preso desde março de 2013, acusado de um homicídio, e foi condenado a uma pena de 20 anos, mas recorreu da sentença e aguarda um novo julgamento. “Isso é muito bom para nós, pois quebra a rotina que passamos quando ficamos dentro do presídio, sem fazer nada. Trabalhando, os dias passam mais rápidos e a gente aproveita para aprender algo novo e ter projetos de trabalho para quando conseguir a liberdade”, disse ele. 
 
Nesta reforma, os presos estão revitalizando a pintura da parte externa do prédio. A previsão é que tudo seja concluído no prazo de 30 dias. O diretor da Penitenciária Padrão, Anselmo Vasconcelos, frisou que este grupo de presos capacitados já fizeram algumas atividades ainda dentro do presídio. “Antes destes serviços externos, eles já vinham fazendo obras dentro da própria unidade prisional. Há cerca de seis meses foi construída uma cisterna com capacidade para 72 mil litros que abastece o presídio”, destacou. O curso de pedreiro que os presos passam é ministrado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Campina Grande.