icon search
home icon Home > cotidiano > vida urbana
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo

VIDA URBANA

Reescrevendo histórias: vencendo o ciclo da violência doméstica

No Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher, o Jornal da Paraíba traz histórias de mulheres que venceram o ciclo da violência e hoje reescrevem suas vidas.

Publicado em 26/11/2014 às 9:29

O local onde antes havia pó de café passou a ser ocupado por um feto, de apenas cinco meses. Naquele vidro, estavam a lembrança não só do filho que foi perdido, mas também da história de amor que se transformara em cinzas. Maria do Carmo Cardoso estava casada com o homem que acreditava ser o amor da sua vida. Ele, no entanto, a humilhava. Todos os dias. Batia. Espancava. E anos mais tarde, chegou a apontar uma faca - para ela e seus filhos.

Grávida, de tanto levar chutes na barriga, ela perdera seu bebê e pedira para que o colocassem em um vidro de Nescafé. O vidro foi levado para casa e colocado em cima de uma estante, no quarto do casal. Ela queria lembrá-lo, a todo instante, do mal que havia causado. Ele, porém, mesmo que toda vez que olhasse para o pote, começasse a chorar, não deixou de cometer as atrocidades a que já era habituado. Ela, no entanto, se já tinha se "acostumado" com as surras que levava, quase que diariamente, não aguentou ficar olhando, minuto a minuto, para o futuro filho que sequer chegara aos seus braços. Guardou o pote, como que para esquecer o que havia acontecido.
Ele, infelizmente, não deixou. Enterrara só o filho, não o passado. Continuou a batê-la. Dia após dia. Durante os 21 anos em que foram casados. Ela, transtornada, ajoelhava-se a seus pés, pedindo-lhe perdão. Acreditava que era culpada. Que havia feito algo de errado para merecer aquilo. Não entendia exatamente o que, mas algo de errado devia ter feito. O que colocou um fim ao casamento, porém, foi a vontade não só de Maria do Carmo de sair daquele ciclo, mas, também, de seus filhos. Após seu ex-marido ter apontado uma faca para todos eles, ela resolveu que, enfim, era a hora de procurar ajuda.
Passou a frequentar o Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra. Foi contemplada com uma casa através do programa Minha Casa, Minha Vida. Aos poucos, foi criando coragem para que pudesse, enfim, dizer: "Não. Você não pode me bater. E se você não sai de casa, saio eu. Eu agora tenho minha própria casa. E não quero mais saber de você".
Hoje, Maria do Carmo é uma nova mulher. Vaidosa, não deixa de fazer as unhas, de usar pulseiras, brincos e colares. E, agora, se prepara para um novo casamento. Dessa vez, com um homem que a respeita, admira e apoia. "Não é porque não deu certo com ele, que eu vou achar que nenhum homem presta. Pelo contrário. Quero ser feliz. É tudo que eu quero", afirma.
Fotos: Kleide Teixeira

Imagem

Jornal da Paraíba

Tags

Comentários

Leia Também

  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
    compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp