Até a segunda quinzena de setembro, o Litoral da Paraíba deve registrar ventos com velocidade de até 50 quilômetros por hora (km/h), segundo O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Com isso, a velocidade ficará 66% maior em relação à média normal, que é 30 km/h. Como consequência, o mar ficará mais agitado, com ondas intensas e maré alta, que poderão acelerar a erosão nas praias.
Segundo o meteorologista e chefe do Setor de Previsões do Inmet, Ednaldo Correia, a velocidade dos ventos começou a ficar mais intensa desde o começo de agosto e deverá se estender até meados de setembro. A mudança é causada por um fenômeno chamado de “centro de alta pressão”, que se desenvolve no Oceano Atlântico e afeta o Litoral brasileiro.
“Esse efeito também é chamado de anticiclone. Para entender melhor, ele se desenvolve como se houvesse uma piscina cheia e alguém jogasse uma pedra dentro dela. As ondas formadas criam rajadas de ventos intensos que são direcionadas até as praias. Toda área que vai do Rio Grande do Norte até Rio de Janeiro está sendo atingida”, explica.
Como benefício, a intensidade dos ventos vai reduzir a temperatura e aumentar a sensação de bem-estar entre a população. Quem vive em áreas próximas a praias, por exemplo, poderá sentir frio até mesmo em dias ensolarados. No entanto, a mudança climática poderá causar danos ao meio ambiente. Com a intensidade das ondas, as áreas de João Pessoa que já estão sofrendo com o processo de erosão correrão risco ainda maior de serem destruídas.
Na capital, os trechos mais ameaçados são as praias do Cabo Branco e dos Seixas. Nesses locais, a Prefeitura Municipal pretende implantar arrecifes artificiais para conter a erosão. No entanto, segundo o secretário adjunto de Planejamento, Glauco Oliveira, as ações só serão realizadas a partir do próximo ano.
Como medida preventiva, a Defesa Civil de João Pessoa vai colocar hoje diversas placas de sinalização em vários trechos das duas praias. Segundo o coordenador do órgão, Francisco Noé Estrela, a medida tem a finalidade de evitar acidentes.
“Já recebemos essas informações sobre a presença de rajadas de ventos nos próximos dias e vamos orientar para que as pessoas não caminhem nas áreas que estão em erosão. Na barreira do Cabo Branco, por exemplo, há o risco de ocorrerem deslizamentos de terra. Por isso, as pessoas devem evitar de caminhar pelo local”, disse Noé.
Segundo o comandante da Capitania dos Portos da Paraíba, capitão de fragata Victor Buarque, as equipes da instituição militar estão em estado de alerta desde o começo deste mês. Ele disse que o mar de alguns trechos do Litoral paraibano está mais agitado e houve muitos registros das chamadas “ressacas”, nomes dados ao acúmulo de ondas nas praias.
No entanto, a intensidade das ondas não foi suficiente para causar grandes problemas no Estado. Mas o mesmo não ocorreu no Rio Grande do Norte, vizinho da Paraíba. “Neste local, houve grandes estragos, principalmente na praia de Ponta Negra. Já na Paraíba, a situação é mais tranquila, apesar de estarmos registrando ondas muito altas, causadas pelos ventos”, declarou.
Para orientar os navegantes e banhistas, o site oficial da Capitania dos Portos disponibiliza um aviso diário sobre as condições do vento e do mar. “Nossa recomendação é que as pessoas, antes de entrarem no mar, deem uma olhada nesses avisos para verificar se a viagem apresenta condições de segurança”, completou o oficial.
