Vírus da zika pode ser utilizado no tratamento de câncer no cérebro

Pesquisa mostra que o vírus pode ajudar no tratamento de glioblastomas.

O vírus da zika pode ajudar no combate a um dos mais letais tipos de câncer no cérebro, afirma um grupo de cientistas americanos. Uma pesquisa publicada nesta terça-feira (5), na revista "The Journal Of Experimental Medicine", aponta que o zika é um vírus oncolítico que pode ser usado no tratamento de glioblastomas em pacientes adultos.

Segundo a pesquisa, o gliobastoma é o mais prevalente entre tumores cérebrais e mesmo com o tratamento com cirurgia, radiação e quimioterapia, os pacientes com este tipo de câncer têm uma sobrevivência média inferior a dois anos. Segundo o professor da Faculdade de Medicina na Universidade de Washington, o vírus da zika pode ser usado junto aos demais tratamentos. "Nós mostramos que o vírus da zika pode matar as células do glioblastoma que têm tendência a resistir aos tratamentos atuais e que levam à morte", disse.

O vírus da zika é conhecido por infectar e matar as células do cérebro dos fetos, podendo causar microcefalia e outras malformações. Os pesquisadores acreditam que esse mesmo mecanismo pode ser direcionado para atacar os tumores.

Nos testes, os cientistas verificaram a possibilidade do vírus de mata as células-tronco em tumores removidos dos pacientes diagnosticados com câncer maligno. Os crancos foram infectados com duas cepas do zika, as duas se espalharam pelas células causadoras da doença, evitando em grande parte o crescimento do tumor.

O futuro tratamento com o vírus zika, conforme a pesquisa sugere, deve ser complementado com os tratamentos tradicionais, como a quimioterapia e a radioterapia. Isso é necessário porque o vírus ataca as células-tronco cancerígenas, mas ignora a maior parte do tumor.

Os cientistas fizeram alguns testes em camundongos para ver a reação em animais vivos. O zika foi injetado diretamente nos tumores de 18 roedores. Outros 15 receberam como placebo a inserção de água salgada. O câncer diminuiu "significativamente", de acordo com o estudo, duas semanas após a injeção do vírus.