Peça mostra potencial da cena campinense

Satyricon demonstra coragem e ousadia em uma montagem provocativa, principalmente quando confrontada com um teatro estanque.

O Teatro Severino Cabral foi inaugurado em 1963, ano de plebiscito no Brasil e de agitação cultural em Campina Grande. Movimento que se repetiu este ano, quando o município ganhou sua primeira Secretaria de Cultura e finalmente se deu a reforma de um espaço que abrigou o Festival de Inverno, o Encontro da Nova Consciência, o Festival Internacional de Música e até uma inesperada Virada Cultural.

A apresentação de Eduardo II, espetáculo do Núcleo Dramático Satyricon em comemoração aos seus dez anos de existência, também representa um marco daquilo que, espera-se, seja um dos exercícios que visam à hipertrofia de uma cena artística com musculatura vigorosa e potente.

Neste sentido, o Satyricon demonstra coragem e ousadia em uma montagem provocativa, principalmente quando confrontada com um teatro estanque que, exemplos não faltam, continua a ser praticado na capital João Pessoa (onde um número considerável de grupos já consolidaram uma dramaturgia digna da atenção do público local e de outros estados).

A peça tem forte apelo imagético, não só pela nudez dos personagens, mas também por figurinos suntuosos e uma maquiagem que, embora um tanto ‘fake’, é aplicada com inteligência em algumas cenas. Há derrapadas na encenação, é verdade, mas as experimentações rendem passagens bastante exitosas.

Aplausos e vida longa ao teatro de Campina Grande!