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CULTURA

Lobão se apresenta 'elétrico' em Campina Grande

“O acústico é uma praga que pega mesmo, ainda mais no Brasil, um país de paroxismos”, observa Lobão, em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA, sobre o batismo do show que fará neste domingo, em Campina Grande: Elétrico.  

Publicado em 06/03/2011 às 9:27

De Audaci Junior do Jornal da Paraíba

“O acústico é uma praga que pega mesmo, ainda mais no Brasil, um país de paroxismos”, observa Lobão, em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA, sobre o batismo do show que fará neste domingo, em Campina Grande: Elétrico. O nome é a resposta ao “problema do ‘franchising’, com um banquinho, voz e violão”. Na apresentação de hoje, principal atração do Encontro da Nova Consciência, o artista sobe ao palco com os músicos Duda Lima (baixo), Armando Junior (bateria) e André Caccia Bava (guitarra).

“A banda me ajudou muito para compor o repertório por causa do grande prazer de ensaiar”, comenta. “Ensaiamos cerca de 40 músicas para uma média de 18 a 23 que entram no show.”

Os sucessos como “Universo paralelo”, “Sozinha minha”, “Me chama”, “Vida bandida”, “Rádio blá”, “Corações psicodélicos”, “Decadence avec elegance” e “Vida louca vida” ganham nova roupagem, mas com um conceito real, segundo Lobão. “Nada desse ‘MPBzóide fake’, essa reinvenção regressiva que faz a MPB atual.” Fazem parte da turnê duas músicas inéditas, ambas compostas, produzidas e executadas pelo próprio músico no estúdio em sua casa.

“Das tripas, coração” foi dedicada aos três grandes amigos: o compositor Júlio Barroso (1954-1984), Cazuza (1958-1990) e o produtor musical Ezequiel Neves (1935-2010), conhecido como Zeca Jagger, derradeira inspiração para a composição, depois de visitá-lo no hospital na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo Lobão, a composição foi “vomitada” em apenas 15 minutos. A abreviação da vida do Zeca aconteceu exatamente no aniversário de 20 anos da morte do seu pupilo musical, Cazuza, em 7 de julho. Ele sofria de um câncer no cérebro.

Já “Song for Sampa” presta homenagem à cidade adotada recentemente pelo carioca da gema. “Serve para dimensionar o rito de passagem, um adentramento vigoroso e emocional nos próximos 50 anos, um alento para um recomeço”, afirma.
Ainda falando em ‘Elétrico’, por incrível que pareça, faz pouco tempo que o cantor se aventurou na guitarra. Quando pequeno, Lobão começou na bateria para depois migrar para o violão clássico. Nesse meio tempo, nunca “guitarreou” até 1999, quando resolveu “purgar seus próprios preconceitos” e aprender tardiamente a dedilhar o instrumento no autodidatismo.

“Fiz muito show ruim”, exclama aos sorrisos, lembrando das consequências do começo do aprendizado. No Abril Pro Rock de 2001, ocorrido no Centro de Convenções de Pernambuco, foi tocar com o lendário mutante Arnaldo Baptista. Em cima do palco, achou que sua carreira iria acabar ali mesmo.

“A música brasileira nunca aceitou a guitarra elétrica. Ela é um elemento bastardo da cultura nacional que fica sempre à procura da árvore genealógica da música.”

Nostalgia da Modernidade

Além de sua biografia 50 Anos a Mil (Nova Fronteira), o músico carioca está lançando Box Lobão 81-91 (BMG/Sony), coletânea com três discos e 41 faixas, que abrange desde sua estreia solo com o disco Cena de Cinema ao derradeiro álbum pela gravadora RCA/BMG-Ariola (atual Sony Music), O Inferno é Fogo.

Os discos foram remasterizados pelo produtor norte-americano radicado em São Paulo, Roy Cicalla, e ainda vem acompanhado do DVD Acústico MTV Lobão, gravado em 2007.

Um sonho de Lobão é ver toda sua obra produzida em LP, mas não por saudosismo. Para o músico, é incontestável a qualidade sonora do disco fonográfico. “O vinil acabaria com a pirataria, mas o brasileiro não vê isso. Esse é o futuro da nostalgia da modernidade.”

Autobiografia é um ritual de passagem a mil

João Luiz Woerdenbag Filho, vulgo Lobão, nunca teve papas na língua. Vide as brigas pela distribuição independente de seu trabalho, as desavenças no meio artístico desde os anos 1980, as vaias do Rock in Rio, e por aí vai. Taxar que ele é polêmico, intransigente, eloquente é mera retórica.

Mas o que se percebe através da entrevista por telefone cedida ao JORNAL DA PARAÍBA é um ar mais leve, tranquilo e amadurecido, algo que só poderia ser forjado com o passar dos anos, em uma trajetória que se casa bem com 50 Anos a Mil, o batismo de sua autobiografia.

Acima de toda sobriedade, Lobão se mostra muito contente com a vida, mesmo criticando um estilo musical da moda ou falando sobre o lobby da indústria fonográfica. A felicidade transparece também quando conta os causos que ficaram de fora das 600 páginas do calhamaço que guia suas quase quatro décadas de profissão, iniciada aos 17 anos ao lado de Lulu Santos e Ritchie, na banda Vímana.
O livro foi escrito a quatro mãos com o auxílio do jornalista Claudio Tognolli.

Enquanto o biografado redigia suas reminiscências na sua casa-estúdio, em São Paulo, o parceiro de prosa fazia a pesquisa factual, compilava notícias publicadas nos últimos 30 anos, recolhia os inúmeros processos judiciais e entrevistava outros personagens como Ritchie, Maria Juçá, Elza Soares e Luiz Paulo Simas.

Turbulência é que não falta na viagem biográfica, com as desavenças familiares quando saiu de casa, aos 19 anos, dando “uma violada à la Pepe Legal” na cabeça do pai. “Fazer o livro foi um alívio”, confessa. “Para ser mais preciso, foram 873 páginas, das quais dois terços ficaram de fora.”

Mas há também momentos divertidos, como o dia em que ele e a irmã obrigaram a mãe a fumar maconha, ou o golpe que deu na Blitz, banda que pertencia, escondendo deles que ia sair em carreira solo só para aparecer junto da turma numa capa de revista.

E ainda têm os casos guilhotinados na edição, que só vão aparecer nas versões para ibook e audiobook, sem data de lançamento devido ao sucesso da publicação física.

Ele recorda quando foi ao programa do ‘velho guerreiro’ Abelardo Barbosa, o Chacrinha, e foi chamado ao camarim de Luiz Gonzaga. O ‘rei do baião’ o recebeu com um sonoro “Eu sou seu fã!” e foi chamar o filho, Gonzaguinha, para uma “foto para posteridade”. Lobão, às gargalhadas, lembra que tinha saído recentemente da prisão e que Gonzaguinha, comunista, achava que roqueiro “tinha mesmo era que apodrecer atrás das grades.”

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Jornal da Paraíba

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