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CULTURA

O gramado do lado

Projeto Teatro Piollin prossegue neste final de semana, no Centro Cultural Piollin, com a apresentação de 'Bruta Flor', do grupo Lavoura.

Publicado em 15/09/2012 às 6:00


Ruy Castro certa vez revelou a intolerância de Nelson Rodrigues à figura do "diretor inteligente": aquele que, na tentativa dispensável de modernizá-lo, metia-se a "gato-mestre" com o seu texto.

Em A Serpente, espetáculo da Cia. Dezequilibrados que abriu o Projeto Teatro Piollin, sexta e sábado, o diretor Ivan Sugahara dispensa as astúcias que doem nos olhos quando querem falar mais alto que um texto essencialmente moderno como o de Nelson, propondo uma montagem 'enxuta' da última peça que o autor escreveu antes que a morte, mistério que perseguiu por toda sua obra, viesse enfim a lhe abater.

Um gramado levemente orvalhado se estende ao chão, sem interferência alguma de objetos, exceto a de um banco de madeira à lateral do espaço cênico. A iluminação é chapada e o figurino, em sua tonalidade complementar, praticamente uniformiza o elenco. O artifício só é ousado na medida em que, na trama, uma camada abaixo de toda a superfície clicherizada pela crítica dos temas preferidos de Nelson Rodrigues, insinua-se sempre um componente primordial: o da alteridade.

No caso de A Serpente, este jogo com o outro se dá entre duas irmãs: Guida (Ângela Câmara) e Lígía (Carolina Ferman), mulheres que vivem sob o mesmo teto, em um apartamento de quartos contíguos, compartilhando seus segredos de alcova através de uma fina parede que separa suas vidas com os maridos, Paulo (José Karini) e Décio (Saulo Rodrigues).

O drama se instaura desde a cena de abertura, na qual Lígia e Paulo se confrontam e o homem abandona de forma violenta a mulher sexualmente frustrada. Simpática à angústia da irmã, Guida oferece o seu leito para aplacar a insatisfação da outra.

Resistente, a princípio, Lígia cede, e o primeiro de sucessivos clímaces se desencadeia em uma cena magistralmente articulada, em que a ação é apresentada ao público com a reconstituição de um mesmo momento em dois espaços distintos.

O momento em que Lígia comete o que julga ser um incesto com o seu cunhado, enquanto Guida ouve tudo do outro cômodo.

Nós, o público, assistimos à cena primeiro sob a perspectiva de Lígia, depois sob a de Guida, e nos transformamos na parede, o intermédio entre a realidade das duas.

As interpretações das atrizes são intensas e a violência que há no choque entre estas realidades ambivalente (como de resto se vê em quase todas as cenas que envolvem o enfrentamento mútuo entre os atores) está representado em esbarrões que flertam um pouco com a linguagem corporal do contato e improvisação.

A tensão aumenta com os cortes secos da trilha sonora, a agilidade com que a luz se alterna e a disputa silenciosa das duas pela camisa de Paulo, que passa de mão em mão como um símbolo singelo do triângulo amoroso que o ciúme histérico de Guida e a cobiça luxuriante de Lígia encaminham para um desfecho dramático.

ESPETÁCULO PARAIBANO
O Projeto Teatro Piollin prossegue hoje e amanhã, às 20h, no Centro Cultural Piollin, com a apresentação do espetáculo Bruta Flor, do grupo paraibano Lavoura. Os ingressos são a preços populares: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia).

Bruta Flor é o segundo monólogo da dupla Jorge Bweres e André Morais e vem após a adaptação de Diário de um Louco, de Tchekov. A dramaturgia agora é própria: assinada pelo ator André Morais, que também compôs a trilha.

Imagem

Jornal da Paraíba

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