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CULTURA

Paraíba declara a Orquestra Tabajara como Patrimônio Imaterial do Estado

No ano passado, a 'big band' ganhou o mesmo título no Rio de Janeiro, atual base de operações da banda desde 1945.

Publicado em 20/04/2015 às 8:00 | Atualizado em 15/02/2024 às 12:27

A época de ouro dos bailes e apresentações radiofônicas acabou. Apesar da pouca procura nos dias de hoje – que lotava a agenda em outros Carnavais – a Orquestra Tabajara vai aonde o público está.

Um exemplo veio em janeiro deste ano, quando os músicos e o maestro Jaime Araújo, no alto de seus 90 anos, foram até Cuiabá (MT) e percorreram mais quatro horas até o município de Mirassol D'Oeste, tudo por causa de uma fã de 80 anos que queria a big band no seu aniversário.

“Essas histórias você não vai ler em nenhum release”, brinca o band leader, que sucedeu o irmão de Severino Araújo (1917-2012) à frente da orquestra, e classificou de inesperado quando soube que a orquestra foi declarada Patrimônio Imaterial do Estado da Paraíba.

De autoria da deputada estadual Daniella Ribeiro (PP), a lei foi publicada no Diário do Poder Legislativo na edição da última terça-feira.

No ano passado, o mesmo título foi concedido à orquestra paraibana pelo Estado do Rio de Janeiro, atual base de operações da banda desde 1945, quando saiu de João Pessoa.

“Tudo acontece de forma inesperada”, comenta Jaime sobre o título paraibano. “A única vez na história que uma orquestra inteira foi contratada e se mudou completa foi quando a gente se mudou para o Rio. Lembro que os cantores cariocas ficavam admirados com os arranjos”.

Quando chegou ao Rio de Janeiro, a big band logo entrou em estúdio para gravar quatro músicas, dentre elas a clássica 'Espinha de bacalhau', chorinho assinado pelo seu irmão, Severino, e 'Paraquedista', composição de José Leocádio que se transformou em sucesso instantâneo nas rádios, fato também inédito de acordo com Jaime. “Severino era um gênio da música”, atesta Jaime Araújo. “Infelizmente, ele não tem a fama que deveria ter”.

O irmão, também natural de Limoeiro (PE), puxa pela memória que tudo começou em Ingá, no Agreste paraibano, onde o jovem Severino já fazia “arranjinhos com músicas mais modernas” no começo dos anos 1930. Foi lá que a Banda da Polícia Militar descobriu “o garoto que tocava um clarinete que era uma maravilha”.

DJ e Rock

Jaime Araújo assumiu a Orquestra Tabajara em 2006. O maestro recorda que veio à Paraíba há cinco anos e quase viria no começo deste, em virtude de um evento para celebrar o centenário do Esporte Clube Cabo Branco (ECCB), palco de vários bailes orquestrados pela big band desde os anos 1930. Infelizmente, o convite não pôde ser concretizado pela falta de patrocínio.

“Hoje em dia não tem mais nada disso”, lamenta Jaime sobre o desaparecimento dos tradicionais bailes carnavalescos. “Hoje tem muito DJ e rock, mas tudo é um ciclo e pode mudar”.

Conheça passagens importantes da trajetória da Tabajara, relembradas por Jaime Araújo

A Orquestra Tabajara foi fundada na capital paraibana no ano de 1933 pelo cônsul holandês e saxofonista Oliver von Sohsten. Na época chamada de Jazz Tabajara, o maestro era o violinista Olegário de Luna Freire.

Em 1938, após a morte de Luna Freire, o jovem Severino Araújo, de apenas 21 anos, assumiu a regência da big band, que se tornaria uma das mais famosas orquestras de música popular do país.

“Naquela época, as orquestras só tocavam música americana. Ninguém ligava pra gêneros regionais como o chorinho. Foi meu irmão Severino que colocou as músicas regionais nas big bands”, explica Jaime Araújo, atual maestro da Tabajara.
A orquestra participou de várias turnês não só pelo Brasil, mas pelo globo: França, Portugal e Uruguai foram alguns dos países visitados.

Nas apresentações em solo brasileiro, Jaime Araújo recorda do encontro entre o então presidente Getúlio Vargas e o presidente norte-americano Franklin Roosevelt em 1943, na base de Parnamirim (RN), instalação em que o Brasil havia franqueado aos Estados Unidos como escala dos aviões aliados. “Para o evento, a banda escolhida para tocar foi a Orquestra Tabajara”.

Dois anos depois, o grupo teve sua estreia na Rádio Tupi, gravou seu primeiro disco em 76 rotações e se apresentava nos bailes de formatura, de Carnaval e Réveillon.

Nos anos 1950, a Tabajara participou do programa de inauguração da TV Tupi, além do encontro histórico com a orquestra do compositor e maestro estadunidense Tommy Dorsey (1905-1956), com apresentações no Rio de Janeiro e no Recife.

Jaime Araújo contabiliza que os músicos faziam uma média de 20 apresentações mensais entre as décadas de 1980 e 90, mas os convites foram decaindo para um por mês nos dias de hoje.

A orquestra mais antiga em atividade no país passou 30 anos na Continental, onde lançou mais de 300 discos e sucessos como 'Sonoroso' e 'Rhapsody in blue', além de gravações em parcerias, a exemplo do sambista Jamelão, com quem gravou dois discos-tributos – em 1972 e 1987 – a Lupicínio Rodrigues (1914-1974).

Tanto Jaime quanto Severino Araújo puxou a paixão pela música de berço. “O meu pai era um pé-rapado porque era músico”, conta. “Tocar em bandinha no interior era pra gente pobre. Gente rica nunca iria fazer isso”.

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Jornal da Paraíba

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