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CULTURA

Paraibano radicado em São Paulo luta para manter acervo de cultura popular

Cego, o jornalista Assis Ângelo mantém o Instituto Memória Brasil, criado em 2001, para preservar acervo valioso

Publicado em 14/09/2015 às 10:00

SÃO PAULO - Paraibano de João Pessoa, o jornalista Assis Ângelo se tornou uma referência na pesquisa e na defesa da cultura popular brasileira. Não há, por exemplo, um projeto de dimensão nacional sobre Luiz Gonzaga sem que ele seja consultado, já que Ângelo é uma das maiores - senão a maior - autoridade no Rei do Baião no mundo.

Há 40 anos radicado em São Paulo, hoje ele aprende a enxergar a vida de uma maneira diferente. Há dois anos, Assis Ângelo perdeu completamente a visão, decorrente de um descolamento de retina que atingiu ambos os olhos. Segundo ele, que completa 63 anos no dia 27 de setembro (“Dia em que morreu Chico Alves, o Rei da Voz”, recorda), o processo é irreversível.

O JORNAL DA PARAÍBA visitou o jornalista, escritor, pesquisador e radialista em seu apartamento, no bairro de Campos Elísios, região nobre do Centro de São Paulo. Lá funciona o Instituto Memória Brasil, criado em 2001 com a finalidade de preservar o valioso acervo de Assis Ângelo.

A cegueira repentina acabou por atrapalhar o serviço que o instituto presta a pesquisadores, estudantes e estudiosos da cultura brasileira. Costumam frequentar as prateleiras do IMB, distribuídas pelos 120 metros quadrados do apartamento, do recluso Geraldo Vandré ao historiador José Ramos Tinhorão e músicos do calibre de Vital Farias, Théo de Barros e Osvaldinho da Cuíca.

Sozinho, o estudioso da cultura popular que costumava abrir as portas e guiar as visitas pelo acervo agora busca parcerias junto a governos e instituições, públicas ou privadas, para deixar acessível o que Assis chama de "ponto de partida para a descoberta do Brasil e da brasilidade". “Acho que o acervo que eu tenho aqui é uma contribuição enorme para o conhecimento, ou reconhecimento, da cultura popular brasileira para os brasileiros”, afirma, taxativo.

Nas últimas quatro décadas, o paraibano coletou cerca de 150 mil itens. “São oito toneladas de ‘coisas’ que eu tenho aqui. Dia desses contratei até um engenheiro para saber se o prédio aguentava”, comenta.
Há livros (centenas deles), quadros (existem obras do amigo de longa data, Miguel dos Santos, até o argentino Quino, pai da Mafalda, passando pelo xilogravurista J. Borges), milhares de documentos, recortes de jornal de várias partes do mundo, partituras, fotografias e incontáveis discos, de todas as épocas, formatos e procedências.

Assis jura que, no acervo, há pelos menos 20 mil itens raríssimos, como o compacto da cantora Keiko Ikuta cantando 'Paraíba' em japonês e o disco recolhido de Peggy Lee dando voz a um plágio de ‘Juazeiro’.
O acervo é fruto de joias coletadas tanto nos recantos do país, quanto no exterior. Assis viajou muito a outros países em busca de gravações de música brasileira, fossem edições raras de artistas nacionais lançadas somente no exterior, quanto de estrangeiros cantando música brasileira, com foco na obra de Luiz Gonzaga, Geraldo Vandré e cultura popular, de um modo geral.

Nessa garimpagem, achou o velho Lua em quase todas as línguas - comprovando a universalidade do Rei do Baião e um compacto de Vandré lançado na França e inédito no Brasil. “Imagine você que eu tenho aqui, por baixo, cerca de três mil gravações com composições de artistas brasileiros noutras linhas, como um disco com músicas de Dorival Caymmi todo em hebraico”.

As raridades do Instituto Memória Brasil

De 'Bahiano' ao 'Hyno a João Pessoa'

O IMB possui o primeiro artista brasileiro lançado em disco no país. São compactos do cantor Bahiano (Manuel Pedro dos Santos, 1870-1944) lançados pela extinta Casa Edison (RJ) por volta de 1904. Também o 'Hyno a João Pessoa' (como grafado no selo), música de Eduardo Souto e Oswaldo Santiago gravado por Francisco Alves e lançado por ocasião da morte do paraibano em 1930.

O compacto do motorista do 'Rei'

Raríssimo, o acervo possui um 78 RPM que Bibi Ferreira gravou no começo dos anos 1950 para a Odeon, narrando contos infantis. Também um que reúne Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade recitando os próprios poemas e um curioso compacto duplo lançado por Nichollas Mariano, ex-motorista de Roberto Carlos, pela Continental.

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Jornal da Paraíba

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