Eva Wilma era a única sobrevivente de uma grande imagem. Restam a memória e uma velha fotografia

Eva Wilma era a única sobrevivente de uma grande imagem. Restam a memória e uma velha fotografia

No dia 26 de junho de 1968, houve, no Rio de Janeiro, uma grande manifestação contra a ditadura militar que depois ficou conhecida como a passeata dos 100 mil.

Entre os que marcharam contra o governo de exceção, havia um número expressivo de artistas.

Fartamente fotografado, o ato contou com a participação de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Edu Lobo – os jovens compositores há pouco revelados nos festivais de MPB.

O fotógrafo Evandro Teixeira, que trabalhava no Jornal do Brasil, produziu, certamente, o melhor e mais rico documento visual da passeata.

Há muitas imagens emblemáticas daquele 26 de junho de um ano turbulento.

O Brasil estava a menos de seis meses do endurecimento do regime. O golpe dentro do golpe ocorreria no dia 13 de dezembro com a edição do AI-5.

As atrizes caminhando de mãos dadas ficou como uma das belas fotos da manifestação.

Elas representavam o teatro, o cinema e a televisão produzidos no Brasil.

A única que morreu muito cedo foi Leila Diniz, a quarta da esquerda para a direita. Só tinha 27 anos, em 1972, quando perdeu a vida num desastre de avião na Índia.

Na fotografia, lá estão elas: Eva Todor, Tônia Carrero, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara e Norma Bengell.

Eram contra a ditadura, eram a favor da democracia, eram mulheres fortes e corajosas que defendiam a liberdade.

Testemunhamos a morte de cada uma.

A única sobrevivente, perdemos sábado passado.

Era Eva Wilma, a terceira da esquerda para a direita, que morreu de câncer aos 87 anos.

Agora, essas grandes representantes da arte brasileira permanecem só na nossa memória e na icônica fotografia da passeata dos 100 mil.