Quantos amigos você tem? De quantos amigos você precisa? Perguntas para o Dia do Amigo

Nesta terça-feira (20), celebra-se o Dia do Amigo.

O texto que se segue foi publicado aqui na coluna exatamente há cinco anos:

Hoje é o Dia do Amigo.

Num tempo em que os amigos são cada vez menos presenciais e mais virtuais. E deixam de ser amigos movidos por cores partidárias, diferenças ideológicas, intolerância religiosa.

Mas o que desejo, aqui, é apenas lembrar de músicas que falam de amigos e amizades.

São muitas. O cancioneiro do mundo está cheio delas.

Dos Beatles (In My Life) aos Rolling Stones (Waiting on a Friend), de James Taylor (You’ve Got a Friend) a Simon & Garfunkel (Bridge Over Troubled Water).

De Milton Nascimento (Canção da América) ao MPB4 (Amigo É Pra Essas Coisas), de Roberto Carlos (Amigo) a Gilberto Gil (Meu Amigo, Meu Herói).

Os versos estão na nossa memória afetiva.

“Amigo é coisa pra se guardar no lado esquerdo do peito”, do Milton cantado por Elis Regina.

“Meu amigo, meu herói, como dói saber que a ti também corrói a dor da solidão”, do Gil cantado por Zizi Possi.

E as imagens: como uma ponte sobre águas turvas que protege o amigo, na letra da canção de Paul Simon que ele gravou com Art Garfunkel.

Ou, simplesmente, a garantia: “você tem um amigo”. Com a doçura da autora (Carole King) ou a delicadeza do intérprete (James Taylor).

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O que foi dito no início, sobre os amigos cada vez menos presenciais e cada vez mais virtuais, se acentuaria em dois momentos, se pensarmos nos cinco anos que nos separam do texto original.

Primeiro, no processo eleitoral de 2018 e com a eleição do presidente Jair Bolsonaro, que dividiu ainda mais um país já dividido.

Depois, em 2020, com o isolamento imposto pela pandemia do novo coronavírus.

Dias atrás, Gonzaga Rodrigues escreveu magistralmente sobre a solidão dele e a ausência de amigos.

É um homem de 88 anos, cercado pelas paredes de um apartamento.

Não pode sair por causa da pandemia. Ainda que pudesse, de nada adiantaria. Os amigos já se foram.

Aos 62, 26 a menos do que Gonzaga, já me pergunto:

De quantos amigos a gente precisa?

Com quantos a gente pode de fato contar?

Quais são os verdadeiros?

Quantos estão associados somente ao poder que passa por suas mãos e um dia vai embora?

Quantos – para não deixar de fora uma palavra muito em voga – no fundo lhe são tóxicos?

Quantos lhe foram desleais ou com quantos você é que foi?

Quanto pessimismo, Sílvio! – dirão alguns.

Não, não – respondo eu.

Apenas um “gimme some truth”, como na velha canção de John Lennon.

Para que essas carinhas bonitinhas que a gente põe nas redes sociais não tomem o lugar dos amigos de carne e osso a quem a gente pode dizer que ama de verdade.

E saber que é correspondido.