João Vicente não é O Leãozinho, de Caetano. O Leãozinho é Dadi

João Vicente não é O Leãozinho, de Caetano. O Leãozinho é Dadi

Li, fiquei surpreso e quis contar pra vocês aqui na coluna.

Quando o jornalista Tarso de Castro morreu, no início dos anos 1990, seu filho, o hoje ator João Vicente de Castro, morou algum tempo na casa de Caetano Veloso.

Caetano tinha um filho bebê, Zeca, e botava o menino pra dormir cantando e tocando violão.

Uma das músicas cantadas era O Leãozinho, que costuma agradar às crianças talvez porque pareça uma canção feita pra elas.

João Vicente, que também adormecia – que privilégio! – ouvindo a voz e o violão de Caetano, cresceu acreditando que O Leãozinho havia sido feita pra ele.

Muitos anos depois, ao contar a amigos que ele era o leãozinho da canção de Caetano, alguém disse que não e perguntou o ano em que João Vicente nasceu.

O ator respondeu: 1983.

E o amigo esclareceu: O Leãozinho é uma canção dos anos 1970.

De fato. É uma das faixas do álbum Bicho, lançado em 1977.

O leãozinho da música é o músico Dadi Carvalho, que tinha 25 anos quando foi homenageado por Caetano.

Os dois – Caetano e Dadi – são leoninos e grandes amigos. O primeiro, de sete de agosto. O segundo, de 16.

Baixista e guitarrista, Dadi tocou nos Novos Baianos, na Cor do Som, integrou, nos anos 1970, uma das melhores bandas de Jorge Ben, foi do Barão Vermelho, e, em palcos e estúdios, acompanhou Caetano Veloso, Marisa Monte, Erasmo Carlos e uma interminável lista de grandes artistas brasileiros.

Dadi, esse leonino talentoso e bonito que inspirou Caetano a compor O Leãozinho, fará 69 anos no próximo mês de agosto.

A canção que Caetano fez pra ele está no mesmo álbum onde ouvimos Odara, Gente, Um Índio e Tigresa.

À época em que foi lançado, o disco era muito criticado pelas patrulhas ideológicas sobretudo por causa da faixa Odara. O convite à dança era, para boa parte da esquerda, sinônimo de alienação.

Noutra faixa, Gente, está o verso que nunca perdeu sua beleza poética nem sua atualidade:

“Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome”.