Rock do diabo. Ninguém deu óleo de peroba para Raul Seixas passar na cara de pau dele

Rock do diabo. Ninguém deu óleo de peroba para Raul Seixas passar na cara de pau dele

Se eu gosto de Raul Seixas? Gosto. Acho Krig-Ha Bandolo um dos grandes discos do rock nacional. Mas o seu endeusamento, sobretudo após a morte, me incomoda um bocado. Outra coisa incômoda: ele era dado a “copiar” o que não lhe pertencia, o que não era de sua autoria.

O guitarrista Rick Ferreira, que gravou com Raul, contou uma. No dia da gravação do Rock do Diabo, o artista chegou no estúdio com o álbum Beatles For Sale, botou Honey Don’t para tocar e disse que queria daquele jeito. “Mas igual, Raul?”, perguntaram. “Sim”, ele respondeu. “E pode?”, insistiram. “Pode, sou amigo de John Lennon”, disse, encerrando o assunto.

Não pode, é claro. E nem ele era amigo de John Lennon. Mas a introdução do Rock do Diabo ficou igual à introdução de Honey Don’t. Ouçam – só as duas introduções – e comparem.

Raul Seixas era reincidente. Fecho com mais um exemplo. A introdução de A Verdade Sobre a Nostalgia é igual à introdução de My Baby Left Me, rock do início da carreira de Elvis. A introdução e parte da melodia. Seguem as duas para as devidas comparações.