Anitta é admirável, mas eu também daria o Grammy para Samara Joy

Nesta segunda-feira (06), com ódio e deselegância, fãs de Anitta xingaram Samara Joy porque ela levou o Grammy no lugar da brasileira. Reação de gente ignorante e grosseira. Remete a Umberto Eco: as redes sociais deram voz a uma legião de imbecis.

Admiro Anitta. Com talento e uma obstinação singular na busca pelo sucesso, tem obtido êxito na sua caminhada. Vai fazer 30 anos agora em 2023 e já conquistou muita coisa no mercado mundial da música popular. Você pode não gostar da música dela, mas não aja com preconceito. Anitta merece aplausos.

No domingo (05), Anitta disputou um Grammy de revelação. Ainda que o status possa ser questionado em uma artista que já ultrapassou a fase da revelação, foi a categoria na qual recebeu a indicação. E estar no Grammy, e não no Grammy Latino, é muito importante, mesmo quando não se leva o prêmio.

Mas havia uma Samara Joy no caminho de Anitta. Novaiorquina que acabou de fazer 23 anos, Samara é uma genuína cantora de jazz. Quando ouvi sua voz, lembrei logo de Sarah Vaughan, uma das divas do jazz. Estão dizendo que seu canto é velho, mas não custa reconhecer que há mais revelação nela do que em Anitta.

A verdade é que, se Samara Joy não representa o novo como jazzista, Anita também não o faz como cantora pop. A americana, no entanto, se encaixa melhor no conceito de revelação. Sem querer discutir porque o prêmio foi para uma e não para a outra, o que chama minha atenção é a extraordinária qualidade do canto de Samara. Eu também daria o Grammy a ela.