Depois de passar seis meses fechado, Cine Banguê reabre com filme sobre Clube da Esquina

Musicos do Clube da Esquina em Diamantina – MG

O Cine Banguê passou seis meses fechado. A sala de cinema do Espaço Cultural parou de funcionar no início de outubro de 2023 por causa de um problema técnico no equipamento de projeção. Houve uma breve volta para a mostra da Cinemateca Brasileira, depois fechou de novo. Reabre nesta quarta-feira, 10 de abril de 2024.

Na sessão de hoje à noite, às 19 horas, será exibido o documentário Nada Será Como Antes – A Música do Clube da Esquina (Foto/Divulgação), dirigido por Ana Rieper. Outros cinco filmes compõem a programação do Banguê para o mês de abril.

Nada Será Como Antes é um belo e sensível documentário. Fala muito da amizade que gerou e moveu o Clube da Esquina. Mas creio que é sobretudo um filme sobre música e sobre como se deu a criação musical entre Milton Nascimento e seus amigos músicos e poetas.

Não é um filme de escolhas óbvias. Imagino que dialogará principalmente com músicos e não músicos que conhecem  a fundo o cancioneiro do Clube da Esquina. A narrativa vai fluindo lenta e levemente. Pede que a gente contemple aquelas conversas e todas aquelas canções.

Há o filme em si e há um filme transcendental que, durante a projeção, vai passando na cabeça da gente que foi contemporâneo do Clube da Esquina. Essas músicas contam um pedaço das nossas vidas. Contam um pedaço da vida brasileira, de quando esperávamos pelo grande país que viria do fundo da noite.

O filme em si é um trabalho realizado com muito amor por Ana Rieper e sua equipe. Milton Nascimento, Márcio e Lô Borges, Beto Guedes, Wagner Tiso, Toninho Horta, Robertinho Silva, Novelli, Nivaldo Ornellas, Tavinho Moura, Ronaldo Bastos – estão todos lá, falando, tocando e cantando.

Não há narração. Nem ordem cronológica. São eles que contam a história, são eles que montam a narrativa. E o fazem com o olhar de quem está longe, mas não perdeu o afeto. Milton e Márcio começaram a compor no dia em que viram Jules e Jim, de François Truffaut. As músicas do Clube da Esquina são os filmes que eles não fizeram.

Se, como na letra da canção, é verdade que “sonhos não envelhecem”, a gente continua sonhando com o grande país que virá do fundo dessas noites que nunca se acabam.