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SILVIO OSIAS

É sério! Pode acreditar! Cabra Marcado Para Morrer é um dos grandes filmes do mundo!

Publicado em 07/06/2023 às 6:39 | Atualizado em 07/06/2023 às 6:54


                                        
                                            É sério! Pode acreditar! Cabra Marcado Para Morrer é um dos grandes filmes do mundo!

O documentário Cabra Marcado Para Morrer, de Eduardo Coutinho, será exibido nesta quarta-feira (07) no cineclube O Homem de Areia, da Fundação Casa de José Américo. Grande oportunidade para ver (ou rever) esse filme importantíssimo. A sessão começa às sete e meia da noite, e a entrada é gratuita.

Em 1984, no lançamento, Cabra Marcado Para Morrer, de Eduardo Coutinho, dividiu espaço no circuito comercial com outro documentário. Era Jango, de Sílvio Tendler. No Brasil que lutava pelas eleições diretas para presidente, os dois filmes contavam histórias pré-1964, mas tinham uma diferença básica. O de Tendler falava da luta política sob a perspectiva da elite. O de Coutinho se debruçava sobre os que ficaram à margem.

Em 1981, quando retomou o projeto (interrompido pelo golpe de 64) de filmar a história do líder camponês João Pedro Teixeira, Eduardo Coutinho não sabia direito o que fazer. Tinha imagens registradas em 1964 e algumas fotos de cena. O caminho não seria mais o da ficção, posto que as circunstâncias o levavam ao documentário. Agiu como um repórter. Voltou a Pernambuco à procura dos agricultores com quem havia filmado antes que os militares tomassem o poder. Fez mais: saiu em busca de Elizabete Teixeira, a viúva de João Pedro, que encontrou vivendo na clandestinidade numa cidadezinha do Rio Grande do Norte, onde dava aulas e era chamada de Marta. A reportagem de Coutinho é o que vemos em Cabra Marcado Para Morrer (Foto/Reprodução).

Poucos filmes brasileiros me impressionaram tanto quanto este. Tanto pela sua absoluta originalidade quanto pelo seu conteúdo político e ideológico. Um cineasta, com os restos de um filme inacabado, reencontra pessoas humildes que, 17 anos antes, tentou transformar em atores e mostra a elas as imagens do passado. Neste retorno, grava depoimentos que falam especificamente da luta na qual elas se envolveram, mas também da miséria, das perseguições, da tortura, das tragédias familiares, da fé – as conversas de Coutinho com seus personagens tocam em questões permanentes do homem, para além dos temas de um determinado contexto histórico.

Cabra Marcado Para Morrer é imprescindível como resgate de um pedaço da nossa história recente que poucos contaram. Lembro bem do dia em que o cineasta chegou à redação de A União à procura dos arquivos do jornal. Testemunhei a conversa dele. Não escondia que retomava um projeto interrompido em 1964, mas falava pouco de como seria esta retomada. Talvez ele próprio ainda não soubesse. Nunca imaginei que, naqueles dias de 1981, estava em gestação um extraordinário filme brasileiro. Hoje, quase 40 anos depois da sua estreia, Cabra Marcado Para Morrer conserva a sua integridade. E tudo o que tem de singular.

Não exagero quando digo que Cabra Marcado Para Morrer é um dos maiores filmes brasileiros de todos os tempos. Mais do que isto: o documentário de Eduardo Coutinho é um dos grandes filmes do mundo.

Imagem ilustrativa da imagem É sério! Pode acreditar! Cabra Marcado Para Morrer é um dos grandes filmes do mundo!

Silvio Osias

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