O então presidente Jair Bolsonaro dizia que não tomou a vacina contra a Covid. Muito ruim para ele, se era verdade. O presidente da República a exercer uma influência extremamente negativa sobre milhões de brasileiros num momento em que muitos milhares estavam morrendo numa pandemia. É indefensável.
Mas há outra versão que pode ser confirmada com a quebra dos sigilos estabelecidos pelo governo Bolsonaro: que o presidente foi, sim, vacinado, preferindo, no entanto, permanecer negando. Ainda mais grave porque, se assim foi, ele, devidamente imunizado, continuava sugerindo que os apoiadores não se vacinassem.
Imaginem como teria sido importante para o país se a postura de Bolsonaro diante da pandemia não tivesse sido de perverso e criminoso negacionismo. Imaginem o efeito positivo se tivéssemos visto o seu ministro da Saúde, o médico paraibano Marcelo Queiroga, aplicando a vacina no presidente da República.
Essas lembranças da relação de Jair Bolsonaro com a pandemia e com a vacinação contra a Covid me ocorrem agora por causa de uma imagem desta segunda-feira (27): com Zé Gotinha ao lado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sendo vacinado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que é médico (Foto/Reprodução).
Essa imagem não teria a mesma importância nem o mesmo simbolismo num outro momento porque seria comum. Mas não é, depois de tudo o que vimos de Bolsonaro e do seu governo durante a pandemia. Essa imagem de Lula e Alckmin é, na verdade, um grande alívio para quem vem de longo e angustiante tempo de negacionismo.
