Mentiroso e arrogante, Bolsonaro jogou lama na democracia e agora paga com inelegibilidade

Mentira. Mentira. Mentira. Mentira. Nesta sexta-feira histórica, 30 de junho de 2023, vimos e ouvimos várias vezes o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, pronunciar enfaticamente a palavra mentira. Referia-se ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Quem mente é mentiroso. Mentir foi o que Bolsonaro fez em 18 de julho de 2022, ao reunir embaixadores no Palácio da Alvorada para jogar lama na democracia e no sistema eleitoral brasileiro e envergonhar o Brasil perante o mundo.

Hoje, o TSE encerrou o julgamento do ex-presidente pelo que este disse diante dos embaixadores. Encerrou e condenou Bolsonaro a oito anos de inelegibilidade. Ele, portanto, está fora das eleições de 2024, 2026 e 2028. Talvez até da de 2030, mas há uma dúvida em relação ao calendário eleitoral, a ser dirimida posteriormente. Ainda é muito pouco, Bolsonaro merece outras punições, mas já é extremamente importante a sua condenação à inelegibilidade.

A Justiça Eleitoral brasileira foi rápida. Menos de um ano depois da reunião com os embaixadores, Bolsonaro está inelegível e, mesmo que venha a funcionar como eficaz cabo eleitoral, é um grande golpe na extrema-direita impedir que o ex-presidente possa voltar ao poder nas eleições de 2026. A democracia soube se defender, a democracia saiu vitoriosa, e os democratas devem comemorar. Essa figura nefasta que governou o Brasil por quatro anos não deverá mais voltar ao cargo que ocupou de 2019 a 2022.

Os ministros Raul Araújo e Nunes Marques macularam suas biografias votando contra a inelegibilidade de Bolsonaro. Brilhantes em suas argumentações, os ministros André Ramos, Floriano de Azevedo, Alexandre de Moraes e a ministra Carmen Lúcia seguiram o voto do relator Benedito Gonçalves. O voto final, do ministro Alexandre de Moraes, resumiu tudo como duríssima e necessária resposta aos ataques de Bolsonaro à democracia. Ataques ao parlamento, ao Supremo Tribunal Federal, aos seus ministros e à Justiça Eleitoral.

Esta sexta-feira histórica, 30 de junho de 2023, traz muitas lições à arrogância do ex-presidente Jair Bolsonaro, à extrema ignorância do bolsonarismo raiz, até mesmo a uma direita menos incivilizada para que esta só possa conquistar o poder se jogar de modo razoavelmente limpo. Não haveremos de ter ilusões: Bolsonaro está inelegível, mas a extrema-direita por ele comandada continua vivíssima. A luta em defesa da democracia é permanente e árdua, mas hoje – sextou! – é dia de comemorar.